O BRASIL DOS 39 MINISTÉRIOS
Por
Fernando R. F. de Lima
Nesta
eleição de 2014, entre as boas coisas, fica como herança a promessa de alguns
candidatos de reduzir o número de ministérios no país. Atualmente, são 24 ministérios,
10 secretarias da presidência com status de ministério e cinco órgãos com
status de ministério, totalizando o número mágico 39. Muito fala-se no que
seria possível cortar, mas efetivamente, ninguém apontou quais os ministérios
seriam efetivamente cortados e subordinados a outros, e quais seriam mantidos
ou deveriam ser efetivamente mantidos por um ou outra razão estratégica.
Afinal, o que é de fato necessário para administrar um país?
Na
estrutura atual, temos os seguintes ministérios:
MAPA – Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MCidades – das Cidades
MCTI – Ciência e Tecnologia
MC – Ministério das Comunicações
MinC – Cultura
MD – Defesa
MDA – Desenvolvimento Agrário
MDIC – Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MDS – Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MEC – Educação
ME – Esporte
MF – Fazenda
MI – Integração Nacional
MJ – Ministério da Justiça
MMA – Meio Ambiente
MME – Minas e Energia
MPA – Pesca e Aquicultura
MPOG – Planejamento, Orçamento e Gestão
MPS – Previdência Social
MRE – Relações Exteriores
MS – Saúde
MTE – Trabalho e Emprego
MT – Transportes
Mtur – Turismo
SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos
SAC – Secretaria de Aviação Civil
SeCom
- Secretaria de Comunicação Social
SDH – Secretaria de Direitos Humanos
SMPE – Secretaria da Micro e Pequena Empresa
SPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial
SPM – Secretaria de Políticas para Mulheres
SEP – Secretaria de Portos
SGP – Secretaria Geral da Presidência
SRI- Secretaria de Relações Institucionais
AGU – Advocacia Geral da União
BC - Banco Central
CV – Casa Civil
CGU – Controladoria Geral da União
GSI – Gabinete de Segurança Institucional
Pela enorme quantidade de
siglas já é possível perceber que há muito espaço para cortes na estrutura
atual, além de sobreposições. Pesca e Aquicultura podem muito bem integrar a
estrutura do MAPA. Da mesma forma, desenvolvimento agrário foi um ministério
criado na época do FHC para promover a reforma agrária. Atualmente, esta é uma
questão virtualmente superada no país, o que permitiria enxugar sua estrutura
deixar sua atuação à cargo apenas do Incra, quando muito o vinculando ao
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, uma vez que talvez a
reforma agrária não seja a melhor forma de superar a pobreza.
Na minha modestíssima opinião,
foi um erro crasso separar o ministério da Cultura do ministério da educação, ainda
mais porque a sigla (MEC) continuou a mesma. Assim sendo, eu reintegraria o
primeiro no segundo. Na mesma linha, o ministério do Esporte deveria estar
junto com o ministério da educação, porque educação, esporte e cultura deveriam
ser pensados juntos. Assim, Ministério da Educação, Esporte e Cultura, com foco
menor em curriculum e maior em promoção de iniciativas que funcionem.
Atualmente, Ciência e
Tecnologia é uma pasta que existe para administrar, grosso modo, as
Universidades Federais. Pois elas voltariam para o MEC ampliado, e o MCI
deixaria de existir. Porque promoção da ciência é atribuição em partes da promoção
da educação e em partes do Ministério do Desenvolvimento, indústria e comércio
(MDIC).
O Ministério da Integração
Nacional me lembra muito uma antiga estrutura que era o Ministério do Interior,
que cuidava de presídios e colonização. Atualmente, não me parece fazer
sentido. Extinguiria. Presídios e Polícia Federal ficariam a cargo do
ministério da justiça, como já é hoje. Fazenda, Planejamento, Orçamento e
Gestão são coisas que deveriam ser feitas em conjunto, então agruparia as duas
estruturas. No fundo, seria possível acabar com o ministério da fazenda
transferindo ao Banco Central a responsabilidade por manter a inflação na meta
e o desemprego num patamar determinado, o que eliminaria a função do ministério
da fazenda.
Trabalho, Emprego e
Previdência Social poderiam ser tratados em conjuntos, porque são questões inter-relacionadas.
Assim, no final da primeira etapa da reforma chegamos a seguinte estrutura:
MAPA; MDIC; MEC; MPOG;
MDSCF; MJ; MTEPS; MCidades; MD; MJ; MRE; MMA; Mtur; MS; MME; MT, MC.
DE 24, reduzimos a estrutura
para 17 ministérios. Restam as Secretarias com Status de Ministérios, que são
10. A SAC e a SEP deveriam ser parte do Ministério dos Transportes. É um erro trata-las
como diretamente vinculadas à presidência da república. Seriam extintas e suas
funções incorporadas a este ministério em departamentos próprios, como é o caso
do DNIT.
A Secretaria de Comunicação
Social, Secretaria de Relações Institucionais, Secretaria Geral da Presidência
e Secretaria de Assuntos Estratégicos
desenvolvem papeis que deveriam estar vinculados a própria função da Casa Civil.
A primeira é nada mais que assessoria de imprensa. A segunda, trata da inter-relação
da presidência com as instituições da república (congresso, justiça), a
terceira deve fazer algo misterioso, como cuidar da agenda da presidente, e a
última cuidar de temas importantes. Nenhuma destas funções merece o status de
ministério e podem ser exercidas dentro da Casa Civil.
A Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para Mulheres poderiam integrar
outra pasta. Por exemplo: o Ministério da Justiça, ou da Educação. A Secretaria
de Direitos Humanos deveria, sem dúvidas, fazer parte do Ministério da Justiça.
Desta forma, nenhuma das 10 secretarias se justifica com status de ministério.
Restam os 5 órgãos. Te todos os cinco, o único cuja atuação me parece nebulosa
é o Gabinete de Segurança Institucional. É o antigo Estado Maior, ou Casa
Militar, que atua no sentido de assessorar o presidente em assuntos militares.
Nota-se que, atualmente, dada a performance da Dilma no que diz respeito à
política exterior, sua atuação tem sido sofrível. Talvez, ainda que ligado à
presidência, pudesse dispensar o status de ministério e tornar-se parte do
Ministério das relações exteriores ou ainda parte do ministério da defesa,
sendo o primeiro mais recomendável, a princípio.
Esta estrutura, de 17
ministério, com cinco órgãos com status de ministério, totalizaria 22
ministérios ou afins. Seria uma redução considerável frente aos atuais 39.
Vários exercem funções que são de fato necessárias ao país. Por mais liberal
que sejamos é difícil imaginar que o Brasil, com mais de 500 anos de história
intervencionista, conseguiria passar do dia para a noite sem um ministério
nacional que regulasse a questão previdência com ampla aceitação nacional.
Alguma orientação inicial haveria de ser necessária. Assim sendo, um ministério
é cabível. Obviamente, não tratamos ainda da estrutura destes ministérios. O
que deveria haver dentro do ministério da educação, por exemplo. As
Universidades Federais permaneceriam Federais? E permaneceriam gratuitas? Por
quanto tempo? Para todos?
A reforma ministerial é
apenas o primeiríssimo passo. Minha proposta, esboçada de modo apressado, é
ainda uma primeira proposta, posta a discussão. Acho que esta seria a estrutura
mínima com a qual seria possível trabalhar num primeiro momento, num governo
pós-PT. Seria uma proposta para ser analisada por Tucanos ou Marineiros pós 05
de outubro, visto que a Dilma sequer vislumbra qualquer mudança em seu modo de
agir.
Comentários