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Mostrando postagens de maio, 2014

PORQUE FALTA ÁGUA EM SÃO PAULO

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 Por Fernando R. F. de Lima. Com a suposta falta de chuvas, o nível do sistema Cantareira em São Paulo caiu e o racionamento de água tornou-se parte do cotidiano do paulistano. A questão nunca tocada pelos jornais, que preferem olhar a questão apenas sobre o ponto de vista técnico ou político, ou ainda uma mistura de ambos, é que a falta de água é, na verdade, um problema econômico. Nunca vimos e provavelmente nunca veremos uma falta de petróleo no mercado. Mas já nos deparamos com falta ou escassez de energia elétrica.  Qual a razão? Novamente, a razão é econômica, não técnica. O combustível, por mais amarrado que seus preços estejam, tem seu preço controlado essencialmente pelas leis de mercado, ou seja, pela oferta e procura. A eletricidade e a água potável, por outro lado, são bens cujo preço e oferta é estritamente regulamentada pelo Estado. Entendidas como bens de primeira necessidade, supõem-se que seu preço não deve flutuar de acordo com a oferta ou demanda. Por isso, os

O PAPEL DOS PEQUENOS NEGÓCIOS

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Por Fernando R. F. de Lima. Quando pensamos na economia como um todo, pode ser contraproducente imaginar que pequenos negócios possam ser bons para a economia. Afinal, quando se fala em aumento da produtividade, logo se imagina um ganho proporcionado por economias de escala ou pelo emprego de máquinas que, por sua vez, acabam sendo inviáveis em pequenos negócios. No entanto, eles exercem uma função extremamente importante em qualquer economia, seja nas menos desenvolvidas, ou naquelas mais desenvolvidas. Um fato pouco compreendido através da análise da revolução industrial é que o emprego de máquinas capazes de automatizar o trabalho e de linhas de montagens foi o que permitiu que trabalhadores sem nenhuma ou muito pouca qualificação fossem empregados produtivamente nas cidades. Na era pré-industrial, o camponês típico era talvez o profissional mais desqualificado que havia. Mas mesmo o camponês era, muitas vezes, capaz de atividades que hoje são impensáveis para a maioria das p

PORQUE NÃO ANDAR DE ÔNIBUS EM CURITIBA.

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Por Fernando R. F. de Lima. Nós e os curitibanos, que aqui nesta cidade estamos há mais de 10, 20, 30 anos, estamos tão acostumados com nosso sistema de transporte que nos esquecemos o quão difícil é se locomover de ônibus em Curitiba, apesar do fato de haver integração via terminais, que garante a baldeação entre ônibus sem pagar nada a mais por isso. O fato de haver linhas de ônibus para todos os cantos da cidade, e também pelo fato de que, supostamente, não há nenhum endereço em Curitiba há mais de 500 metros de um ponto de ônibus, deveria fazer desta cidade um paraíso do transporte coletivo no Brasil. Sabemos, contudo, que a realidade é outra. O sistema de transporte tem alguns trunfos, como os vários quilômetros de vias exclusivas para ônibus, e de uma variedade relativamente organizada de linhas. Mas a verdade é que as linhas principais oferecem um serviço com maior demanda que capacidade, o que significa filas e superlotação, enquanto as linhas alimentadoras, que coletam pa

RESENHA: O GENE EGÓISTA, DE RICHARD DAWKINS

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Por Fernando R. F. de Lima. Richard Dawkins é um autor polêmico. Talvez sua obra mais lida e conhecida seja Deus, um delírio , ou ainda O relojoeiro cego , mas o fato é que o vigor de seus trabalhos científicos é que fizerem dele uma das maiores autoridades vivas quando o assunto é evolucionismo. Publicado em 1976 originalmente, o Gene Egoísta é um trabalho que marcou época por apresentar às grandes massas e também aos cientistas uma nova abordagem ao considerar os mecanismos pelos quais se dá a evolução. Assim como a maioria dos leigos em biologia, eu sempre imaginei que a seleção natural ocorresse organismo a organismo. O que Dawkins destaca, no entanto, é que nós, organismo complexos, somos apenas os veículos através dos quais os replicadores existem. E estes replicadores são os genes. Os genes compõem as moléculas de DNA, mas não são eles próprios autônomos. A seleção natural, contudo, ocorre, de acordo com Dawkins, gene a gene. Aqueles capazes de colaborar melhor com se