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Mostrando postagens de março, 2009

RESENHA – COLAPSO - JARED DIAMOND, 4ª edição, Ed. Record, 2006.

Outro dia, fiz aqui no blog alguns comentários a um texto de Jared Diamond publicado no final dos anos 1980, no qual fiz diversas críticas ao modo como ele tratou a questão da "escolha" que nossos antepassados fizeram pela agricultura. Na ocasião comentei que aquelas idéias apresentadas pelo autor diferiam bastante daquilo que é apresentado em Colapso, seu último livro, até onde sei, e um dos de maior repercussão no Brasil, junto com Armas, Germes e Aço. Acho que Diamond é o tipo do autor que permite visualizar em seus escritos uma clara mudança, para melhor, ao longo da carreira. Obviamente, isto não isenta o livro de problemas. Na página 435, por exemplo, ele afirma que "poluentes como os óxidos de nitrogênio e dióxido de carbono estão aumentando", quando o dióxido de carbono, conhecido por sua sigla mais famosa (CO2), não é um poluente, apesar de ser um gás estufa. Ele também faz uma distinção entre crescimento e crescimento exponencial, como se uma coisa f

UMA QUESTÃO DE DENSIDADE

Nas cidades brasileiras uma opção comum na hora de "planejar" as cidades é optar por densidades menores, favorecendo a expansão horizontal das cidades. Esta opção é feita em decorrência das ideologias de planejamento urbano, sobretudo as que prevaleceram no começo do século XX. A idéia básica que norteou o processo é que as grandes aglomerações humanas são ruins, e que baixas densidades são boas. Seria, de acordo com esta idéia, desejável manter as pessoas afastadas umas das outras, até mesmo como forma de permitir que elas sejam capazes de resolver seus próprios problemas. Experiências como o projeto Pruit-Igoe, nos EUA, e tantas outras similares, pareciam corroborar a idéia. Para quem não conhece a história do Pruit-Igoe, vou resumi-la aqui: basicamente foi um empreendimento habitacional para populações de baixa renda, que consistia em construir prédios de apartamentos, de 11 a 18 andares, com vários apartamentos em cada andar. Cada um destes prédios ficava isolado um d

Prefeitura do Rio vai recorrer da liminar que suspendeu demolição do minhocão da rocinha.

Prefeitura do Rio vai recorrer da liminar que suspendeu demolição do minhocão da rocinha. http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/03/17/prefeitura-vai-recorrer-da-liminar-que-suspendeu-demolicao-do-minhocao-da-rocinha-754871090.asp O Jornal "O Globo" não permite recortar e colar a mensagem no e-mail, de modo que tenho que enviar o link. Mas mesmo assim gostaria de comentar a posição das "otoridade" cariocas. Ele dizem que este tipo de empreendimento não é tolerável porque a pessoa que irá construir o prédio, com 18 kitnetes está fazendo "especulação imobiliária". Construção irregular só é tolerável se for para consumo próprio. Isto é o mesmo que dizer que só vale infringir a lei se for para  ficar quietinho no seu canto. Se a pessoa buscar através do próprio esforço melhorar de vida, e inclusive melhorar a vida de outras pessoas, aí não pode. A pessoa que está construindo este prédio, que diz ser para a família dela, está fornecendo uma coisa que falta em to

JARED DIAMOND - A SAGA ANTI-CIVILIZACIONAL

No link abaixo há um texto de Jared Diamond, autor do livro "Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso" (Record, 2005), onde ele avalia o grande engano chamado agricultura. Há pouco tempo atrás ninguém daria bola para um autor deste tipo, mas o "progresso" das ideologias anti-civilizatórias, que advém de uma, até certo ponto, justa indignação contra as sociedades estamentais, levou a popularização de idéias deste tipo. O objetivo deste texto é apontar aquilo que é na minha visão o pior engano da raça humana hoje, em oposição ao texto de Jared Diamond. http://www.scribd.com/doc/5037023/O-pior-engano-na-historia-da-raca-humana-Jared-Diamond Meu objetivo é mostrar como algumas das interpretações de Jared Diamond podem ser vistas por um outro lado e aspecto, e sob uma outra perspectiva que normalmente está fechada para as pessoas que preferem acreditar que a civilização é um grande engano. Também serve como reforço contra os argumentos apresentados d

TRANSPORTE COLETIVO E SUPERLOTAÇÃO: COMENTÁRIOS A MATÉRIA DA GAZETA DO POVO.

No Jornal de domingo, 1º de março, no caderno Vida e Cidadania, na página 6, saiu uma reportagem sobre o transporte coletivo de Curitiba. Basicamente, a reportagem levantou algumas críticas ao sistema junto ao pessoal técnico, professores de arquitetura, urbanismo e engenharia. Mas há também uma pesquisa interessante nas páginas, realizada com 716 pessoas. Nesta pesquisa há algumas informações interessantes: Uma delas é sobre o meio usado para trabalhar. Cerca de 48% das pessoas que responderam a pesquisa disseram que usam o ônibus. Destes 48%, 57% não possuem carro, 14% consideram o ônibus mais barato, 13% recebem vale-transporte e apenas 9% o consideram mais rápido e prático. Também   é interessante as resposta das pessoas que usam o carro, que representam 21% do total. Destes, 27% não usam o ônibus por conta da superlotação, 23% por causa da demora na baldeação, 13% trabalham com o carro ou o utilizam muito, 8% consideram a tarifa cara, 7% por causa do tempo de viagem, 5% por caus