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Mostrando postagens de 2011

IN MEDIO VIRTUS

Por Fernando R. F. de Lima.   A consciência de pertencer ao meio da sociedade torna-se um fardo diário, muitas vezes difícil de ser carregado. A grande característica da classe média é justamente agir como se estivesse acima desta grande mediocridade cotidiana, que transborda por todos os lados e lares. Os adolescentes medianos se acham especiais, assim como os pais destes adolescentes. E das crianças, pensam que tudo podem, basta sonhar e tentar. Mentira. Engano. Hipocrisia. Ilusões. Disso consiste a classe média. Mas por que então as sociedades de classe média são aqueles que mais se desenvolvem, que mais longe vão? Quem diria, por exemplo, que não é os EUA, aquela que ainda é a maior e mais importante potência do mundo, essencialmente um país de classe média? E a Europa de hoje, ainda que combalida, não constitui uma sociedade de pessoas que vivem próximas à média? Não estaria a pujança da China, da Índia, do Brasil e da Rússia, os Brics, justamente na ascensão de suas class

A culpa da nossa direita

por Luís Lopes Diniz Filho Leslie Bethell, no ensaio  Brasil: o legado dos 500 anos e o futuro , publicado em 2000, expõe uma análise da história brasileira cheia de ideias bastante comuns na nossa academia e nos meios jornalísticos. Dentre elas, vale destacar a seguinte: "em uma democracia, é responsabilidade dos partidos políticos de esquerda e centro-esquerda assegurar o apoio da maioria do eleitorado aos programas de mudança social ou, pelo menos, forçar os partidos de direita e centro-direita a darem pelo menos alguma atenção ao atendimento das necessidades econômicas e sociais básicas da massa da população, dispondo-se a considerar algumas políticas sociais compensatórias, redistributivas, ainda que seja apenas para driblar demandas por mudanças mais radicais" (Bethell, 2000, p. 493). Esse modo de ver pautou toda a análise do período histórico recente feita pelo autor. Ele acusava os partidos brasileiros de direita, centro-direita e de centro (embora sem

DELITO DE OPINIÃO

Por Fernando R. F. de Lima Nos últimos dias, o noticiário tem divulgado insistentemente polêmicas causadas pela opinião divulgada de diversas pessoas, parlamentares, grupos de defesa dos direitos homossexuais, membros da Igreja Católica, que declararam em alto e bom som o que pensam sobre determinados assuntos. Obviamente, o centro das atenções é a "lei da homofobia", ou de combate à homofobia, e a liberação, por parte do STF, da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Num tema deste tipo é normal que as opiniões sejam amplamente divergentes, desde aqueles que defendem radicalmente um ponto de vista até o extremo oposto. Com a declaração de alguns parlamentares, potencialmente ofensiva para outros, se iniciou uma discussão sobre o que é permitido e o que não é permitido falar em público. Ou seja, voltou à tona uma questão que parecia mergulhada no nosso recente passado democrático: quais os limites à liberdade de opinião? O que os supostos defensores da liberdade, neste ca

POR QUE OS PREÇOS VARIAM: O AUMENTO DO ÁLCOOL NESTA ÚLTIMA SAFRA

POR QUE OS PREÇOS VARIAM: O AUMENTO DO ÁLCOOL NESTA ÚLTIMA SAFRA O aumento nos preços do álcool neste início de ano trouxe para a primeira cena a questão do controle de preços e até mesmo alguns pedidos de retorno ao Pró-álcool. Para ver até onde vale a pena clamar por uma regulação no mercado de álcool é necessário compreender os fatores que levaram a ascensão de queda do etanol nestas últimas três décadas e álcool combustível no Brasil. O álcool como combustível foi introduzido por conta da regulação estatal: o governo brasileiro, focado no milagre econômico, tornou o país extremamente dependente do petróleo importado. Obviamente, no início dos anos 1970 esta era uma estratégia que fazia sentido. O petróleo era muito barato e relativamente raro no Brasil. Pouco se produzia aqui, sendo a maior parte da demanda atendida por importações. Quando os preços subiram em função da crise de 1973, causada, entre outros fatores, pela represália árabe ao apoio dado a Israel na guerra com o Egit

Pedalada Noturna em Curitiba

Todas as terças-feiras tem pedalada noturna em Curitiba, com concentração na praça Garibaldi, no Largo da Ordem. Até onde sei, há alguma tensão entre "A Turma dos Velhinhos", que fazem o "Curitiba Biki Night" nas quintas a noite e a Pedalada organizada pela prefeitura. O da prefeitura tem batedores do diretran e água de graça, pelo que me contaram. O outro é auto-organizado. Nunca fui às quintas, mas vou hoje, na terça-feira. Ontem fui pedalar a noite também. Fiz o trajeto que estou acostumado mas no sentido contrário. Como sempre, há um lado bom e um ruim em andar de bicicleta em Curitiba. O bom é que quase não há diferença de velocidade em relação ao carro ou a moto. Levei 30 minutos da minha casa até o centro, sendo que se os motoristas fossem um pouquinho mais educados eu poderia ter ido pela Victor Ferreira do Amaral e levado uns 3 minutos a menos. De carro eu levo o mesmo tempo, e de moto algo como 20 minutos.  O problema maior é a segurança. Muitos motorista

Moedores de Carne Humana

Hoje, na hora do almoço, o moedor de carne humana chamado biarticulado que circula em Curitiba fez mais uma vítima no cruzamento da Presidente Faria com a Alfredo Bufren, nos fundos do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, bem no centro de Curitiba. Felizmente o impacto foi contra um carro, um celta cinza, aparentemente sem vítimas fatais, uma vez que o carro estava intacto e o motorista não estava dentro do veículo. Acidentes com estes ônibus biarticulados tem virado rotina em Curitiba. Eu mesmo já noticiei mais de um aqui no blog. Ultimamente, não se passa uma mês sem um acidente grave envolvendo este tipo de veículo. O que me motivou a escrever este texto, contudo, é o fato de que esta semana, se não me engano na quarta-feira, uma moça de 20 e poucos anos foi atropelada por dois biarticulados na Av. República Argentina, próximo ao shopping Água Verde. A moça foi atropelada por um dos ônibus e jogada no meio da pista e, em sequencia, os oito rodados de outro biarticula

Terminei (em partes)

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No dia 25 de março de 2011 ocorreu a defesa da minha tese de doutorado, o último requisito parcial que faltava para a obtenção do título de Doutor em Geografia. Ainda falta fazer algumas alterações no trabalho, solicitadas pela Banca avaliadora, além de arrumar um novo título para a bendita, mas desde então já posso utilizar o título de Doutor em Geografia. A defesa da tese durou pouco mais de 4 horas, e em alguns momentos eu achava que alguns membros da banca estavam alí com o objetivo deliberado de mostrar que eu sou um completo incompetente. Contudo, ao final deste último texto, fui aprovado. Falta entregar o resultado final, para o qual eu tenho 60 dias a contar a partir do dia 25. No máximo em maio, portanto, a tese estará definitivamente concluída. Esta foi uma das razões pelas quais diminuí significativamente a frequencia de postagens no blog. Outra razão, é o aumento do volume de trabalho no Ipardes neste início de ano, que faz com que eu chegue em casa sem disposição para en

Campeonato Paranaense de Motovelocidade

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POR QUE ALGUNS PRODUTOS CUSTAM TÃO CARO NO BRASIL?

  Por Fernando R. F. de Lima.   Vou comentar notícia velha, requentada de outros neste texto, mas que trás algumas questões que estão relacionadas às próprias dificuldades em se gerir a política macroeconômica e monetária no Brasil. É a questão dos preços. Por que alguns produtos custam aqui tão mais caro que lá fora? A razão principal é a falta de concorrência. Alguns poderão dizer que há concorrência em excesso em alguns setores, mas na maioria deles faltam concorrentes que briguem entre si pelo dinheiro do consumidor. Em qualquer lugar que a gente vá, os restaurantes estão cheios, as lojas abarrotadas, os supermercados transbordando de gente e as concessionárias de automóveis e motocicletas entupidas de compradores. Isto permite que os comerciantes trabalhem com margens de lucro muito mais elevadas que aqui. Duvido que sobrem Ipads e Ipods nos estoques das lojas, que não sejam todos vendidos apesar do preço abusivo, quando comparados com os praticados no exterior. Como é

INFLAÇÃO – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

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Por Fernando R. F. de Lima. Tratar da questão da inflação é sempre um problema controverso. Isso porque apesar de ser bem conhecida como fenômeno, os efeitos e não as causas da inflação é que são diretamente sentidos pelas pessoas. E o principal efeito da inflação é o aumento nos índices de preços de uma determina cesta de bens de consumo. Como nos últimos meses tivemos uma aceleração dos preços no país, com o índice do IPCA chegando perto de 1% ao mês, o que daria 12% ao ano se o índice de mantivesse, o assunto voltou a pauta. A maioria das pessoas, porém, apesar de reconhecer a conseqüência, muitas vezes desconhece a causa da inflação. Basicamente, podemos dizer que a causa é uma maior quantidade de dinheiro em circulação na economia em relação ao total de produtos disponíveis para o consumo. Como este aumento na oferta de dinheiro não segue o mesmo ritmo do aumento na oferta de produtos, o resultado é um aumento nos preços. A causa normalmente