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Mostrando postagens de janeiro, 2010

SOCIAL DEMOCRACIA NO CONDOMÍNIO

Por Fernando R. F. de Lima               Alguns meses atrás, um artigo de um colega liberal falava das vantagens proporcionadas pelos condomínios quando o assunto é segurança e manutenção de vias. Eu, por e-mail, repassei a ele que nem todos os condomínios são uma maravilha neste aspecto. No fundo, a maior parte dos condomínios gera muito mais problemas que benefícios quanto o assunto é manutenção e segurança. Nas grandes cidades, cheias de prédios, pode-se dizer que boa parte da população vive em condomínios. Além daqueles horizontais, compostos por casas e sobrados, há os verticais, que são essencialmente prédios.             Contudo, o que me motivou a escrever este texto é minha experiência particular da dificuldade em encontrar um apartamento maior para morar em Curitiba. Como eu sempre digo nos meus textos, a política habitacional brasileira foi moldada pelo lado errado. Ao invés de estimular a oferta de imóveis, criando condições para que as pessoas investissem em imóvei

CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS

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Por Fernando R. F. de Lima. (20 de janeiro de 2010) Lendo Roberto DaMatta, mais especificamente Carnavais, Malandros e Heróis (5ª edição, editora Guanabara, 1990), a gente pode ter uma idéia e uma compreensão melhor do porquê o Brasil é o que é e como é. Mas ao invés de entrar nesta questão, vou fazer algumas voltas antes de entrar no assunto do livro especificamente. Primeiramente, o livro de Roberto DaMatta não é o tipo de livro que desperta o interesse e o gosto dos liberais-conservadores brasileiros. Primeiro, porque ele é um livro que usa de instrumentais, bibliografia e conceitos que muitas vezes soam como agressivos aos ouvidos afinados pelo discurso liberal, conservador e capitalista. A idéia de exploração do trabalhador, por exemplo, permeia todos os capítulos. O pobre, além de preto, é um explorado pelo sistema formado pelas elites brasileiras. E nossa sociedade democrática, igualitária, é vista por suas hierarquias internas. Portanto, do princípio ao fim, Carnavais, Malandro

ESTADO MÍNIMO PARA PRESERVAR A VIDA

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Por Fernando R. F. de Lima. Neste começo de ano fomos surpreendidos por catástrofes naturais que, como de costume, mobilizaram a solidariedade e trouxeram a tona questões importantes sobre a responsabilidade pelas vidas vitimadas nestas catástrofes. Neste texto, vou procurar argumentar que uma parte importante da culpa por estas tragédias deriva da negligência do poder público em cumprir seu dever, que é o de proteger a vida e a propriedade alheia. É comum em todas as grandes cidades o surgimento e a expansão de favelas, que normalmente situam-se em áreas de risco. O discurso dominante nos jornais é o de que a pobreza é a causa motora do surgimento destes aglomerados de casas mal construídas, geralmente em áreas mais vulneráveis a tragédias. Os políticos, contudo, no momento em que as favelas surgem, ao invés de impedirem o avanço da ocupação destas áreas preferem fazer promessas de melhorias de infra-estrutura. Esta é uma forma de conseguir votos mais prática que cumprir com o dever d

UM ANO DE CRISE: O BRASIL SEGUNDO AS PESQUISAS CONJUNTURAIS

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Por Fernando R. F. de Lima. Agora em dezembro o IBGE lançou o resultado de uma série de pesquisas que permitem ver o efeito da crise sobre a economia neste ano de 2009. A crise econômica tem como marco o mês de setembro de 2008. Diante disso, observaremos o desempenho da economia brasileira segundo diversas pesquisas mensais. Serão avaliadas a PIM-PF, a PMC e os dados de exportação do Ministério do Comércio Exterior, além das Contas Nacionais Trimestrais. PIM-PF Iniciaremos este texto avaliando os impactos da crise na atividade industrial, o que será feito por meio dos dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF). Esta pesquisa é realiza em 14 estados, e possui uma abertura CNAE e dois dígitos, agrupando grandes setores. Nas suas aberturas regionais, a PIM-PF permite acompanhar a produção estadual nos estados cobertos. Contudo, nem todos os setores presentes na pesquisa nacional são contemplados nas pesquisas estaduais. O gráfico 1 permite visualizar o impacto da cris

BALANÇA COMERCIAL BRASIL-EUA

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por Fernando R. F. de Lima Vários jornais noticiaram hoje o fato de que tivemos um déficit comercial com os EUA de mais de US$ 4 bilhões 2009, no acumulado de janeiro a novembro (tabela 1)               Se analisarmos os dados, veremos que foi em 2008 que a balança comercial brasileira começou a se inverter com os EUA. Parte da culpa, obviamente, é da crise que atingiu a economia americana em 2009. Mas parte da explicação reside num reajuste necessário dos fluxos de dólares no mundo. Os EUA há vários anos eram deficitários com praticamente todos os países com que estabelecem relações comerciais estáveis e amigáveis. Com isso, a tendência mundial deveria ser de desvalorização do dólar frente outras moedas, como forma de compensar o maior dispêndio dos americanos no exterior. O fato de alguns importantes atores no comércio mundial manterem moedas desvalorizadas a partir de políticas de câmbio fixo, só fez aumentar o déficit dos EUA com eles, o que é

O Federalismo e o Brasil

O FEDERALISMO E O BRASIL   Por Fernando R. F. de Lima.   O federalismo deve ser compreendido como uma tecnologia de gestão administrativa de países. Quando se aceita o federalismo como um instrumento de gestão, entendem-se que em unidades nacionais complexas, a divisão do poder em unidades geográficas menores que a nação favorece o exercício mais justo e eficiente do poder. Em economia é consenso que a centralização e o aumento da escala de produção, por exemplo, resulta em economias de escala apenas até certo limite, que depende das características da produção de uma empresa. A partir de determinado tamanho, o aumento nas economias de escola deixa de compensar o aumento da complexidade administrativa, o que leva as empresas a escolhem descentralizar a produção em unidades menores. Na gestão de um Estado Nacional, o mesmo princípio das economias de escala se aplica. Sabe-se, por exemplo, que é mais fácil e mais econômico gerir a política monetária em escala nacional, ou até