CARROS ELÉTRICOS SÃO REALMENTE UMA ALTERNATIVA VERDE?
Por Fernando R. F. de Lima
A apresentação do Chevrolet Volt, o primeiro automóvel elétrico produzido em série no mundo parece nos indicar o início de uma nova era no mundo dos transportes. Os automóveis elétricos possuem motores que não emitem poluentes, porque a energia que os alimenta vem diretamente de suas baterias. Os motores elétricos têm como subprodutos de seu funcionamento a geração de calor e ruído. Sem monóxidos e dióxidos resultantes da combustão, são aparentemente uma solução para o problema da poluição nas grandes cidades. Mas agora a pergunta que motiva o texto: será?
O primeiro problema dos veículos elétricos é o da infra-estrutura. Não somente a infra-estrutura de tomadas para recarregar as baterias do carro. Há um problema maior de infra-estrutura: como gerar eletricidade suficiente para abastecer uma frota de veículos elétricos de, digamos 250 milhões de unidades, que é o número aproximado de veículos nos EUA? Por mais econômico e eficiente que seja em relação à gasolina, ao etanol ou ao diesel, muita eletricidade será gasta para produzir o montante necessário de energia elétrica para mover todos estes veículos.
A fonte mais racional para obter tanta energia seria a nuclear, com a criação de novas plantas que dessem conta de produzir tanta eletricidade em pouco tempo, e ainda poder administrar a demanda de forma eficiente. As energias alternativas, como a solar e a eólica não são capazes de fornecer energia com a confiabilidade necessária para garantir que não haja um apagão rodoviário, ferroviário e geral ao mesmo tempo. E usar combustíveis fósseis, principalmente gás natural e óleo combustível para gerar eletricidade, não teria qualquer vantagem ambiental, exceto talvez pelo fato das termoelétricas serem ligeiramente mais eficientes que os motores a combustão interna.
O segundo problema é o que fazer com as baterias utilizadas. As baterias são o maior obstáculo à disseminação dos carros elétricos, porque caras e pesadas, exigem ainda cuidados para não explodir. E todas elas, independente da tecnologia, têm uma vida útil. Quem tem notebook ou celular sabe disso: com o passar do tempo, leva-se mais tempo para carregar a bateria e sua carga dura menos tempo. Depois de um tempo, ela se torna imprestável para uso, e deve ser substituída e reciclada. Como se dará este processo com os carros elétricos? Serão recicladas e substituídas apenas as baterias ou o carro todo será retirado de circulação? Qual será a vida útil média de um carro elétrico?
Estas questões são importantes, porque hoje um carro a gasolina pode rodar por até 20 anos sem grandes problemas, e isso lhe confere um valor no mercado de usados. Toda energia usada na produção de um carro é conservada durante sua vida útil. Quanto menor a vida útil, em menos tempo esta energia terá sido dispersada e, portanto, mais energia será gasta na aquisição de um novo automóvel.
Diante destas duas principais questões, a geração de eletricidade, e o destino do carro usado e suas baterias, fica a curiosidade em saber se os carros elétricos podem realmente ser considerados uma alternativa mais verde em relação aos convencionais. Os automóveis e a poluição que causam são os grandes responsáveis pelas externalidades negativas de se viver em grandes cidades (congestionamentos, barulho e poluição). Paradoxalmente, foram os automóveis os veículos que mais contribuíram para tornar as grandes cidades ainda maiores, espalhando-as por quilômetros de subúrbios ajardinados, tornando dezenas de milhões de pessoas, talvez até bilhões, dependentes diários de viagens de automóvel.
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Comentários
Os lobbies industriais não gostam de falar sobre essas coisas.
O mais racional é evitar o transporte motorizado individual.
Querem?
Abraços
Cascaes