COMENTANDO IMPRESSÕES SOBRE A LINHA VERDE DE CURITIBA
COMENTANDO IMPRESSÕES SOBRE A LINHA VERDE DE CURITIBA
No dia 19/12/2008, por coincidência data de meu aniversário, o prefeito de Curitiba do PSDB, Beto Richa, entregou a primeira etapa da obra mais aguarda dos últimos anos, a linha verde. Ontem, dia 7 de janeiro, resolvi me aventurar pelo sul da cidade para ver como era trafegar pela linha verde. Primeiramente, é importante destacar que por conta das férias o trânsito está muito bom em Curitiba nestes primeiros dias do ano. Então, trafegar pela Linha Verde foi um passeio, já que haviam poucos carros na rua.
Algumas coisas, contudo, devem ser destacas: os sinaleiros não estão sincronizados, o que me parece uma falha muito grave. Mantendo uma velocidade constante, no caso 60km/h, dez a menos que o limite, peguei praticamente todos os sinais fechados. O meu temor inicial de que não iria ser feita uma ciclovia decente se concretizou. O que se tem é uma pista de 1,8m de asfalto, cheia de curvas para contornar os jardins que estão no grama dos canteiros que separam as pistas. Também são poucas as faixas de pedestre na via, que, com três pistas, será, certamente, um ponto preferencial para atropelamentos.
A linha verde está situada no leito de uma rodovia e, por conta disto, os imóveis lindeiros ocupam, às vezes, quase 500 m. São vários metros de área sem frente para a nova avenida. Obviamente, estas áreas se tornaram pontos inseguros da rodovia, seja para encostar o carro, no caso de uma pane, seja para andar a pé ou de bicicleta. A linha verde será uma avenida que parece um deserto, sobretudo na altura em que cruzará os campi do centro politécnico e do jardim botânico, que contam com mais de 1 mil metros sem frente para a avenida/rodovia.
A linha verde era um projeto necessário para cidade. Uma nova via de acesso, que integrasse, não o leste e o oeste como quer enfatizar a prefeitura, mas o norte com o sul da cidade, era necessária havia muitos anos. Também seria uma oportunidade para integrar os municípios de Colombo e Fazenda Rio Grande a Curitiba, já que um situa-se ao norte e outro ao sul do que será a linha verde. No entanto, a clivagem persistirá: Colombo continuará sendo a periferia feia ao norte da cidade, com seus mais de 280 mil habitantes que trabalham em Curitiba, e Fazenda Rio Grande a periferia ao sul, com seus mais de 130 mil habitantes ilhados da cidade mãe. De certa forma, isto mostra que a linha verde foi uma obra feita às pressas, e que irá, na melhor das hipóteses, criar dois gargalos de tráfego, um ao norte e outro ao sul da avenida.
Eu daria como sugestão para remediar um pouco esta situação, a construção de um estacionamento para automóveis nos extremos sul e norte da linha verde, para que os moradores destas cidades possam usar seus carros para chegar até a linha verde e dali em diante seguirem viajem por meio da nova linha ônibus que será implantada. Também como sugestão, a revisão urgente do projeto de ciclovia da linha verde, com a implantação de estacionamentos de bicicleta, preferencialmente cobertos e fechados, para que os moradores dos bairros ao redor possam ir até a linha verde de bicicleta, e a partir de então tomar um ônibus para cumprir o restante do trajeto.
Nunca é tarde para revisar um projeto, e por melhor que seja a linha verde dentro das possibilidades, estas duas correções fariam dela um projeto muito melhor. Reforço também minha sugestão de que as caneletas de ônibus poderiam ter a faixa de estacionamento de uma das pistas marginais convertidas em ciclovias. Na terça feira eu estava pedalando pela canaleta do biarticulado e me surpreendi com a quantidade de pessoas, em maioria homens, provavelmente trabalhadores, e também alguns entusiastas como eu, pedalando nas pistas exclusivas para ônibus. São centenas, talvez milhares de pessoas que usam as caneletas como via preferencial para deslocamento de bicicleta, o que é ótimo para a cidade. No entanto, a prática é proibida, e o risco de acidente elevado pelo desrespeito dos motoristas de ônibus que passam por ali.
Instruir os motoristas a respeitar os ciclistas e tornar o uso das caneletas permitido para circulação compartilhada seria uma medida e tanto para ampliar a rede de ciclovias da cidade, além de favorecer a segurança e o transporte alternativo e, porque não, a saúde pública e o meio ambiente. Com estas medidas, certamente o fluxo de bicicletas aumentaria ainda mais.
Canaleta: via de tráfego exclusivo para ônibus. Em vários trechos é permitido somente o tráfego de ônibus biarticulado.
Biarticulado: ônibus com duas articulações, de cor vermelha, que faz às vezes de metrô em Curitiba. Sua principal desvantagem é a velocidade média, que fica em torno de 17 km/h, quando o metrô de verdade chega a atingir 70 km/h de velocidade média.
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