Estudo revela poluição elevada em seis capitais

Estudo revela poluição elevada em seis capitais

21/09/2007 - 02h31

Um estudo feito em seis capitais brasileiras revelou que nenhuma delas atende ao padrão da Organização Mundial de Saúde para poluição do ar. Segundo pesquisa do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, São Paulo ainda é a capital mais poluída do Brasil, mas Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife não podem se orgulhar por terem ar limpo.

Medições realizadas entre maio e julho deste ano mostram a situação desfavorável em todas elas. O estudo, obtido com exclusividade pela Folha, analisa o poluente material particulado fino (mistura de poeiras e fumaça). A principal fonte de emissão do poluente são os veículos (...) http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u330220.shtml

 

Esta notícia saiu na Folha de São Paulo. A última frase que eu recortei refere-se aos veículos. O detalhe não mencionado é que do particulado fino, a poeira é levantada pelos pneus dos veículos e também pela presença de ruas sem pavimento. A fumaça, do tipo que vira particulado fino, é resultado sobretudo da chamada queima incompleta, que é muito mais freqüente nos motores diesel que nos motores otto, isto é, nos veículos pesados como caminhões, ônibus e caminhonetes, já que os automóveis são impedidos de usar esse combustível.

Outro fator interessante é que nos motores otto, isto é gasolina, GNV e álcool, a emissão de fumaça, mesmo aquela azulada, não se transforma em particulado fino. O problema maior são os gases. Isto quer dizer que grande parte do problema da poluição, principalmente esta, por particulados, está relacionado aos veículos pesados, não aos automóveis de passeio. Isso a Folha não diz.

É claro que os automóveis contribuem para a poluição do ar, no entanto, sua contribuição é muito diferente. Um exemplo claro pode ser o da própria cidade de São Paulo, que nos anos 1970 tinha um ar mais poluído que dez anos depois quando da adoção do álcool como combustível e, principalmente, como aditivo da gasolina. A poluição por particulados decresceu rapidamente, e tem permanecido nos níveis de então em função, sobretudo, do pavimento ruim e incompleto.

Mais um ponto controverso, é que a medição foi realizada num período em que a maior parte das cidades mencionadas está há vários dias sem chuvas, o que agrava o problema da poeira, já que ela se torna mais fina, portanto mais leve, e mais passível que ficar em suspensão no ar. Hoje, aqui em Curitiba, depois da chuva da madrugada, já é possível perceber a melhoria na qualidade do ar. Torna-se claro que esta é uma reportagem enviesada. O grande responsável pela poluição urbana é o poder público displicente. Isso a Folha também não diz. É mais fácil jogar a culpa nos cidadãos e atacar o transporte individual, realizando um trabalho de convencimento de que a alternativa é o coletivismo, principalmente o transporte coletivo estatal ou dos oligopólios administrados.


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