AS IDEIAS CONSERVADORAS EXPLICADAS A REVOLUCIONARIOS E REACIONÁRIOS, DE JOÃO PEREIRA COUTINHO – RESENHA
Por Fernando R. F. de Lima.
O livro “Asideias conservadoras [...]” de João Pereira Coutinho é certamente uma das
leituras mais agradáveis que se pode encontrar atualmente em uma livraria
brasileira. Escrito de forma concisa, elegante e clara, possui um grau de erudição suficiente para que sintamos
inveja do autor, mas não exagerado a ponto de acharmos que se trata de um
acadêmico pedante.
Voltado ao consumo tanto de revolucionários (e aspirantes), quando reacionários, como o título indica, mas também para
os ignorantes do assunto e o público com tendências conservadoras. Aliás, como destaca o autor, conservadores somos todos, ao menos nos assuntos mais íntimos, como família, amores e prazeres. O livro é útil também para aqueles que
gostariam de melhor embasar seu sentimento profundo de indiferença a todas
as ideologias que estão a venda no atual mercado de partidos, ainda mais no momento eleitoral.
O autor apresenta ao longo dos oito capítulos
o que é o conservadorismo entendido enquanto ideologia, diferenciando este do
reacionarismo, tão revolucionário quanto qualquer outra ideologia utópica,
quanto do imobilismo, que não deixa de ser também uma forma de utopia, pensando
poder preservar tudo como está.
O conservadorismo se define, de acordo com
João Pereira Coutinho, pelo reconhecimento de alguns princípios, desenvolvidos cada um num capítulo. Destaco alguns: a imperfeição
humana (que faz desconfiar de toda tentativa de criar um mundo perfeito); do
fato de que toda troca exige trocar o certo existente por um possível que não
existe ainda; da ideia de que as instituições atuais existem porque sobreviveram
aos testes do tempo, e por isso devem ser conservadas; que as instituições
devem ser reformadas de forma prudente, justamente para poderem continuar existindo; que a sociedade comercial é uma
instituição que vale a pena preservar.
O conservadorismo, enfim é definido como uma ideologia
reativa, que surge nos momentos em que as instituições são ameaçadas. Pensando
desde este ponto de vista, percebi que de certa forma, apesar de não me
identificar com os conservadores religiosos, que são, no fundo reacionários, no fundo sou um conservador. Primeiramente, ao contrário de alguns liberais, eu sou um
reformista. Acho que a constituição atual deve ser emendada e reformada,
preservando o que há de bom, mudando o que está errado.
Tenho muito medo quando vejo na TV a senhora Marina da Silva falando em reforma política como a Reforma das Reformas, porque quando ela fala isso eu ouço não reforma, mas revolução política. Outro ponto: sou absolutamente contra qualquer tipo de ruptura violenta com sistema atual e com todas as instituições. Sempre deixei isso claro. Acho que as coisas devem ser feitas gradualmente. Acho que muita coisa deve ser extinta, porque não funciona, mas acho que para pessoas realmente interessadas em mudar o país, talvez o mais correto seja juntar-se a um dos trinta e tantos partidos e não tentar fundar mais um.
Coutinho é um autor jovem, nascido em 1976, apenas 6 anos mais velho que eu. Ao ler seu livro, tive vontade de retomar os estudos dos clássicos liberais-conservadores, sentimento que não tinha havia vários anos. Passear pelas citações de Burke, Tocqueville, Lord Acton, me lembrou o tempo em que eu lia com dedicação os livros de Von Mises, Hayek, o próprio Tocqueville, além de outros autores cuja lugar eu só compreendi agora com o livro de Coutinho, como Oakeshott e Babbit, que apesar de terem sido leitura prazerosas não faziam muito sentido, porque os li tentando enquadrá-los entre os economistas liberais, quando na verdade eram cientistas/pensadores políticos conservadores.
Por R$ 25,00 certamente é um dos maiores custo-benefícios do mercado editorial atual. E ainda conta-se com a vantagem de poder acompanhar o pensamento em evolução do autor em suas colunas semanais na Folha de S. Paulo todas as terça-feiras. Recomendo a leitura para todo que queiram ingressar no universo do pensamento conservador pela porta da frente, longe do reacionarismo religioso.
Tenho muito medo quando vejo na TV a senhora Marina da Silva falando em reforma política como a Reforma das Reformas, porque quando ela fala isso eu ouço não reforma, mas revolução política. Outro ponto: sou absolutamente contra qualquer tipo de ruptura violenta com sistema atual e com todas as instituições. Sempre deixei isso claro. Acho que as coisas devem ser feitas gradualmente. Acho que muita coisa deve ser extinta, porque não funciona, mas acho que para pessoas realmente interessadas em mudar o país, talvez o mais correto seja juntar-se a um dos trinta e tantos partidos e não tentar fundar mais um.
Coutinho é um autor jovem, nascido em 1976, apenas 6 anos mais velho que eu. Ao ler seu livro, tive vontade de retomar os estudos dos clássicos liberais-conservadores, sentimento que não tinha havia vários anos. Passear pelas citações de Burke, Tocqueville, Lord Acton, me lembrou o tempo em que eu lia com dedicação os livros de Von Mises, Hayek, o próprio Tocqueville, além de outros autores cuja lugar eu só compreendi agora com o livro de Coutinho, como Oakeshott e Babbit, que apesar de terem sido leitura prazerosas não faziam muito sentido, porque os li tentando enquadrá-los entre os economistas liberais, quando na verdade eram cientistas/pensadores políticos conservadores.
Por R$ 25,00 certamente é um dos maiores custo-benefícios do mercado editorial atual. E ainda conta-se com a vantagem de poder acompanhar o pensamento em evolução do autor em suas colunas semanais na Folha de S. Paulo todas as terça-feiras. Recomendo a leitura para todo que queiram ingressar no universo do pensamento conservador pela porta da frente, longe do reacionarismo religioso.
Comentários
A propósito, a defesa efusiva das Reformas em detrimento da Revolução está em Popper, com o qual concordo integralmente. Estamos bem acompanhados...