QUAL TIPO DE CONSTRUÇÃO É MAIS CARA?

por Fernando R. F. de Lima

 

Esta pergunta banal pode ser respondida com base numa pesquisa rápida no banco de dados do IBGE, o SIDRA. O SINAPI é uma pesquisa que permite acompanhar diversos custos relativos à construção civil. Entre as opções disponíveis, está a pesquisa do custo por metro quadrado por tipo de projeto. A resposta para a pergunta é fácil: a construção mais cara que existe pelo sistema de indicadores do SINAPI é a casa popular de 1 pavimento com 1 quarto. No Paraná, em 2010, o custo médio ficou em R$ 931,38 o m². A construção mais barata foi o prédio residencial de 6 pavimentos, com 3 quartos (R$ 558,02/m²).

Obviamente, um apartamento de 3 quartos tem uma metragem maior que uma casa popular de 1 quarto, mas isto não elimina o fato de que, no final das contas, ambos acabam com um custo de construção parecido. Em matéria de política habitacional, portanto, seria muito mais racional construir apartamentos do que construir casas populares. Existe neste fato uma razão relacionada ao custo de escala. Um prédio de seis pavimentos gera economias de escala com material e mão-de-obra. Fazer a fundação de um prédio custa mais barato que a de um número equivalente de casas. O menor preço de construção permite realizar uma obra numa área mais central, compensando o custo menor da construção com o custo maior do terreno.

Mas não é só isso: qualquer tipo de construção, dentre aquelas listadas pelo IBGE, é mais barata que a construção de um projeto básico de casa popular. Deve-se considerar que os custos de construção não levam em consideração os custos que existem depois de pronta a obra, para o morador. Casas populares, via de regra, são construídas em áreas periféricas onde os terrenos são mais baratos. Isso significa maiores gastos com transporte. Também significa maiores gastos para levar a rede de água, esgoto, energia elétrica e coleta de lixo até lá, além da necessidade de construção de novas escolas, com o conseqüente deslocamento de professores, ou então a opção pelo transporte escolar.

 
Fernando R. F. de Lima
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P
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Comentários

INTERCEPTOR disse…
O que justifica, como vens no dizendo, o adensamento em áreas mais próximas ao centro.

Mas, se for assim, por que as periferias continuam se expandindo?
Antonio Sávio disse…
Olá Fernando. Com surprsa descubro um geógrafo no Instituto Millenium. Desde já deixo claro que sou formado em geografia recenetemente e tenho tido contato com a obra de diversos autores que não tive na universidade, o que não é nenhuma novidade. Desde filósofos a economistas da escola austríaca. Gostaria de saber, pois certamente tem um embasamento filosófico maior do que eu, se você tem conhecimento de algum material que cruze as críticas filosóficas ao filosofia moderna, como tem feito filósofos como Mário Ferreira dos Santos e o Olavo de Carvalho, com a base filosófica da geografia. Não acha estranho a bolha de proteção cômoda que a geografia brasileira (totalmente socialista por sinal) cuita em ter para evitar o contato com economistas que fariam desabar todo (ou quase) o edifício teórico do socialismo dentro da geografia?

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