SÓ A AUSTERIDADE LIBERAL SALVA

Por Fernando R. F. de Lima.

O acontecimento recente na Grécia, com risco de moratória e necessidade de socorro do FMI e da União Européia, me fez relembrar os tempos de faculdade, em que a esquerda raivosa, petista, do PSOL, do PSTU e tantos outros diziam que a receita neoliberal do FMI só servia para os países pobres, que aquilo era uma ingerência nos assuntos nacionais, uma submissão aos interesses estrangeiros, etc. Pois aí está a Grécia para desmentí-los.

A Grécia, com Portugal e Espanha na esteira, sem deixar de lembrar que a Islândia também tropeçou feio com a crise, nos traz de volta a lição de que, independentemente do tamanho de uma economia, seja de um país ou de uma empresa, é impossível permanecer por muito tempo vivendo no vermelho, isto é, gastando mais do arrecada e recorrendo a empréstimos o tempo todo. Uma hora o ajuste deve ser feito.

Com a crise atual, vários governos passaram a gastar mais do que arrecadam, elevando déficits e colocando dinheiro público em investimentos para movimentar a economia. Não deixa de ser, guardadas as devidas proporções, uma aplicação de princípios keynesianos para buscar sair do ciclo depressivo. Contudo, para muitos países esta possibilidade não é solução, simplesmente porque o que hoje podem ser dar ao luxo de gastar mais são aqueles que em tempos de bonança foram capazes de poupar a ajustar as próprias contas. Não é o caso da Grécia: o governo grego gastou muito além do próprio orçamento, elevando salários de servidores públicos, gastos com previdência e expansão de benefícios sociais. Fez isso sufocando o setor privado com altos impostos e ainda assim mantendo um gigantesco déficit. Agora o ajuste é necessário, porque já não há investidores dispostos a bancar a conta grega.

Há melhores opções no mundo para aplicar o dinheiro, muito além da periferia européia. Entre estas opções estamos nós, com uma dívida ainda sob controle e um déficit pagável, ao menos temporariamente, já que é visível a deterioração de nossa situação. A Grécia, aplicando os ajustes necessários, fazendo as dolorosas correções de rumo, ou seja, tomando o remédio amargo, certamente irá se recuperar desta crise, e poderá nos próximos dez anos até mesmo aparecer como um modelo de recuperação. Poderá, também, mergulhar numa espiral decrescente, num círculo vicioso, que a levará a caminhar para o fundo do poço. A opção está nas mãos do governo grego, que poderá endireitar ou entortar de vez o país. Mas a tragédia mostra que apesar do keynesianismo ir e vir, é só a austeridade liberal salva.

 
Fernando R. F. de Lima
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P
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