POR QUE A CHINA ESTÁ CRESCENDO TÃO LENTAMENTE?

POR QUE A CHINA ESTÁ CRESCENDO TÃO LENTAMENTE?

    Neste texto, vou fazer uma resenha, apesar de não ser exatamente este o termo, do artigo intitulado "Why is China growing so slowly", publicado na Foreing Policy , por Martin Wolf. A pergunta pode parecer fora de propósito, mas relaciona-se inclusive com o texto anterior deste blog. A questão colocada pelo autor relaciona-se com um explicação para o crescimento econômico Chinês. E coloca que, apesar de impressionante, ele não é um recorde mundial, já que o Japão, entre 1950 e 1973 teve um aumento de 443% na sua economia, enquanto a China atingiu entre 1978 e 2003 o valor de 339%, uma média de 6,1% ao ano.
    No entanto, o autor ressalta que na China o recorde é na taxa de investimento, que chega a 40% do PIB. O Japão, neste período, tinha uma taxa de investimento na casa dos 30%, e os chamados tigres asiáticos, Coréia do Sul, Taiwan possuíam taxas inferiores aos 30% ao ano. Sendo assim, o taxa de investimento na economia chinesa está gerando resultados inferiores do que aqueles que já foram conseguidos com taxas de investimentos muito menores.
    A explicação para isso resida no alto percentual que a economia chinesa apresenta de investimentos errôneos, e de empréstimos mal feitos, que não atendem as expectativas. O total de empréstimos mal sucedidos chega a 40% do total, mais de 650 bilhões de dólares. Com isso, a taxa de recursos mal alocados é gigantesca. A China tem, portanto, se beneficiado de uma conjuntura extremamente favorável ao seu crescimento econômica, que não é explicada apenas por eventos da economia mundial, mas também por uma grande dose de otimismo.
    Martin Wolf, em seu artigo, dá uma amostra desse otimismo, acreditando que, dependendo das escolhas políticas feitas por Pequim, esse crescimento econômico deve, na verdade, se acelerar nos próximos anos, se houver uma melhoria nos mecanismos de mercado, principalmente na questão financeira, que permitam uma melhor alocação dos recursos. E aponta que o boom do crescimento econômico chinês pode estar no meio e não próximo do fim.
    Feita a resenha do texto, passo aos meus comentários. Para aumentar a "produtividade" desses investimentos, são necessárias alterações importantes na estrutura de mercado chinesa, o que levaria a uma menor dependência das decisões econômicas, sobretudo por parte dos bancos, da vontade política dos governantes chineses. Essa é uma considerável transferência de poder, que certamente tornaria o ambiente de negócios chineses mais transparente. No entanto, estão dispostos os governantes a esse sacrifício?
    Outro ponto, é a volta a questão da acumulação de reservas chinesas. Pode-se dizer que, em escala global, o que está ocorrendo é um subsídio maciço à mão-de-obra chinesa, tornando-a mais barata do que seria realmente. Isso torna possível ao governo chinês criar reservas gigantescas, através da exportação. Como foi comentado, esse mecanismo não é sustentável, e pode levar, inclusive, a um atraso na substituição de mão-de-obra por capital. Ocorre que, em algum momento essas reservas terão que ser utilizadas, já que o dólar vem se desvalorizando, assim sendo, quais seriam os impactos de uma mudança nos mecanismo chineses de formação de divisas? Esse tema abordarei, de modo muito especulativo, no próximo texto.


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