A MARCHA DO “LIBERALISMO” CHINÊS

A MARCHA DO "LIBERALISMO" CHINÊS

    O crescimento econômico chinês traz, de modo cada vez mais recorrente, a questão do quão lentamente tem crescido a economia dos outros países, em especial do Brasil. E traz também a discussão do que faz a economia chinesa crescer tão rapidamente. As explicações dadas são várias: vão desde as altas taxas de poupança interna, os grandes investimentos estatais em infra-estrutura, o grande esforço para a qualificação da mão-de-obra e o desenvolvimento de alta tecnologia. Também há fatores como a mão-de-obra barata, a estabilidade política, e os incentivos dados a implantação de empresas no país.
    É óbvio que a China está se desenvolvendo a passos largos, com taxas de crescimento invejáveis, e com uma constância que faz com que o ritmo pareça ainda mais impressionante. E realmente os fatores listados acima trazem a tona as qualidades do modelo chinês, que atualmente parecem incontestáveis. No entanto, meu ponto de vista, é que a China é, atualmente um bomba relógio. E há dois fatores que me levam a crer nisso.
    O primeiro desses fatores, que talvez seja um dos mais importantes, é que em função do controle de natalidade imposto aos chineses desde a década de 1960, que fará com que, nos próximos 25 anos, a humanidade conheça a mais espetacular inversão demográfica que já teve curso na história. Os programas de controle de natalidade postos em prática na ex-URSS e no Japão nem de longe foram tão agressivos quanto os chineses. E em ambos os casos, o resultado foi catastrófico, já que se tem um população em franco declínio, e com um claro processo de envelhecimento.
    Na China a situação é ainda pior, porque mais de 60% da população ainda está empregada em setores de baixa produtividade. De um país com predomínio de crianças e jovens, a China está passou a um país com predomínio de adultos e em 20 anos terá uma maioria absoluta de velhos. Estima-se que a população irá até mesmo declinar, dos atuais 1,2 bilhões, para menos de 800 milhões, uma perda de mais de 400 milhões de trabalhadores.
    A outra bomba é a da questão cambial. A China mantém os salários artificialmente baixos por meio de uma rigorosa política de câmbio rígido desvalorizado e por meio do controle dos salários. Pela lei de Say, quando a demanda por um dado bem aumenta o seu preço sobe. Mas como os salários chineses só podem subir até um dado limite, os níveis salariais continuam baixos. E como o câmbio está desvalorizado em relação ao dólar, os salários permanecem baixos também em nível internacional. No entanto o dólar tem se desvalorizado na economia mundial, elevando lentamente o valor da moeda chinesa.
Se sua política de reservas continuar, e eles não utilizarem o dinheiro para nada, em pouco tempo os chineses terão acumulado moeda podre, ao custo de impedir uma expansão maior do mercado interno. Ao mesmo tempo, se começarem a valorizar sua moeda, irão reduzir sua vantagem em salários baixos, passando a importar mais. E também irão gerar inflação, pela abundância de dinheiro injetada no mercado.
De qualquer modo, isso retoma a questão levantada por Mises da impossibilidade da terceira via: ou adota-se o planejamento total da economia, o que gerará consumo de capital e investimentos errôneos, ou o laissez-faire que permite a melhor alocação dos recursos. O caminho intermediário levará a uma situação ou de maior abertura ou de maior fechamento. Assim sendo, a China deverá fazer em breve novas opções, já que o caminho do meio que vem adotando até agora está se tornando insustentável.


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