IT WILL GET WORST BEFORE IT GETS BETTER!
Para quem acha que já chegamos ao fundo do posso, sinto dizer, mas as pás
continuam operando. Ainda não paramos de cavar. Claro que, sendo Brasil,
cavamos com pás mesmo; retroescavadeiras roubariam empregos, e produtividade não
é nosso lema. Por isso já faz 15 anos que a situação vem se deteriorando
gradualmente no nível institucional. Dia 23, ao meu ver, ultrapassamos uma nova
barreira, chegando ao “pré-sal” da barafunda desmoralizante: Fachin liberou com
objetivos única e exclusivamente políticos gravações privadas entre um
jornalista (Reinaldo Azevedo) e sua fonte, o que resultou no pedido de demissão
deste da Veja.
Ou seja, o “bastião” da moralidade no Brasil, a operação Lava-Jato, um
ministro do supremo Tribunal e um Procurador da República, junto ao Ministério
Público, à revelia da constituição, resolveram queimar a reputação de um
jornalista por suas opiniões contrárias às decisões deste juiz e à própria
condução da operação Lava-Jato. Ou seja, mesmo aqueles que a população
considera os “mocinhos” neste combate à corrupção estão agindo ao arrepio da
lei e da constituição, desrespeitando garantias básicas como a liberdade de
imprensa.
Não foi a primeira vez, obviamente. Já haviam feito isso quando a PGR
noticiou de forma algo fantasiosa para a imprensa que o presidente da república
havia dado aval para o sr. Batista comprar o silêncio de Eduardo Cunha, algo
jamais comprovado na gravação disponibilizada. Pior ainda porque a gravação era
de qualidade duvidosa, editada e sem a possibilidade de rastrear o equipamento
que a originou. Não bastasse isso, como bem denunciou Reinaldo Azevedo, a
gravação foi utilizada para incriminar Temer, algo que contraria o código de
processo Civil e Penal brasileiro, e ainda por cima a delação “mais que
premiada”, premiadíssima dos irmãos Batista teve a negociação acompanhada por
um juiz, contrariando a própria lei de delações. Aqueles que nos deveriam
defender de bandidos estão agora agindo acima da lei, com anuência de pessoas
que deveriam zelar pela lei.
Pode-se afirmar, portanto, que o Brasil já não é mais um Estado de
Direito e que nenhuma das nossas liberdades constitucionais estão garantidas de
hoje em diante. Se um jornalista do alcance e respeitabilidade de Reinaldo
Azevedo pode sofrer este tipo de intimidação, que dizer de um blogueiro de fim
de semana como eu?
Assim, concluo que a República de fato acabou. O período democrático no
Brasil se encerrou em algum momento de 2017, e o golpe nas instituições veio
não das Forças Armadas, das milícias revolucionárias ou de uma “oposição
fascista” ávida pelo poder; o golpe veio do sistema judiciário, que ao arrepio
da lei faz o que quiser sob a justificativa de “combater a corrupção”, como se
corromper as instituições por uma boa causa fosse aceitável.
Neste momento, já não vislumbro mais qualquer cenário para o país. Apenas
uma certeza: irá piorar antes de melhorar. E a piora advém justamente do fato
de que não podemos prever absolutamente nada num país sem instituições. A base
de qualquer sociedade moderna são suas instituições. No Brasil, elas estão
sendo corroídas, a passos cada vez mais rápidos. Esse foi um trabalho iniciado pelo
PT, mas que o Ministério Público, o STF e o poder judiciário como um todo
assumiram e estão levando a cabo com maestria nunca antes vista. E assim acabou
a 3ª república brasileira: não como um estrondo , mas no silêncio indiferente de uma
multidão confusa.
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