OUTRO CASO DE BARGANHA ELEITORAL

Por Fernando R. F. de Lima

 

A reportagem do "The New York Times" traduzida da Folha de S. Paulo elogia a saída alemã para a crise. A Alemanha, ao contrário de outros países europeus, aplicou medidas "neoliberais" no que diz respeito às relações trabalhistas. Sua ação ficou marcada pela flexibilização dos contratos de trabalho, com a possibilidade de reduzir a jornada de trabalho e também os salários. Além disso, reduziu os benefícios dos programas de seguro desemprego, tornando trabalhar mais vantajoso que receber um auxílio desemprego. Além disso, o déficit público da Alemanha é baixo, cerca de 3,5% do PIB contra déficits superiores a 10% em vários países. A taxa de endividamento pessoal e público também é baixa. Com tudo isso, a Alemanha está saindo da crise melhor que os outros países europeus do bloco.

Diante destas medidas, fica a sensação de que a Alemanha é mais liberal que os outros países europeus em matéria de política econômica. E de fato é. Mas sob o aparente regime de austeridade, o que temos é um programa de governo que paga parte dos custos que uma empresa tem para manter um trabalhador em atividade, sendo que a outra parte é descontada do salário do próprio trabalhador. Além disso, os programas de assistência social, apesar de não ser um paraíso, existem, e são mais generosos, inclusive, que o programa brasileiro nesta área.

O programa alemão faz sucesso porque deu certo, e resultou num benefício concreto aos trabalhadores (a manutenção do emprego), ainda que isto tenha um custo para o governo. Não se falou, na Alemanha, em redução de impostos, que continuam a ser um dos mais elevados do mundo. Mas investimentos em infra-estrutura e educação continuam na agenda alemã. No fundo, nunca saíram de lá, pois a Alemanha é um dos países que mais investem nesta área (e não cobram pedágio na maioria das auto-estradas).

Na minha opinião, a capacidade alemã de lidar com seus problemas, seu federalismo e suas políticas públicas são um exemplo a ser seguido por qualquer democracia, apesar de ser, em muitos casos, muito mais "social-democratas" que "neoliberais". E eles fazem tudo isso com muita prudência, apesar da ousadia. O que quero dizer com estes dois textos é que, independentemente do país, as políticas bem sucedidas, ou melhor, as políticas avaliadas como bem sucedidas, sempre implicam benefícios concretos para a população. No caso Reagan, a redução dos impostos, no caso Merkel, a manutenção do emprego. E ambas tem um pouco de populismo misturado com um pouco de social-democracia. Esta é a via inescapável das democracias atuais.


NOTA RÁPIDA SOBRE A DILMA

 

Dilma disse que em caso de vitória irá preparar um aperto nas contas para o começo do ano que vem. Entre as medidas, está uma redução da meta de inflação, de 4,5% ao ano para 4% ao ano. Seu objetivo é deixar a inflação brasileira (alta para o padrões mundiais) mais civilizada. Se isto se concretizar, será uma medida a ser aplaudida por parte desta inimiga do livre mercado. Mas ainda assim, ele não levará meu voto.

 
Fernando R. F. de Lima
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P
or um mundo mais livre e melhor!


 

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