ESTADO ATUAL DAS COISAS PASSAGEIRAS.

Dia mais, é nosso!

Fernando Raphael Ferro.
No último mês me desliguei um tanto das atividades do blog. Muitas coisas interessantes pra fazer como atividade de lazer, além de alguns problemas pessoais e complicações de ordem profissional para resolver me impediram de assentar a cabeça e colocar ideias no papel. Não que elas faltem. Sempre há algo para comentar.
Mas de certa forma, o imobilismo do governo Dilma contagia como um todo o país, em praticamente todas as áreas. O decréscimo da atividade produtiva impede que novidades se avolumem na cena atual. E o desenrolar do processo de impeachment também parece titubeante. O que mais me preocupa, no fundo, é que as reformas fundamentais para desenrolar o país continuaram pendentes independentemente de quem assuma o poder nos próximos anos. Obviamente, pior será com o PT e Dilma, pela própria incompetência deles em fazer qualquer coisa. Mas o cenário vislumbrado com o PMDB, Temer a frente, não é muito melhor.

Sabemos que muitas amarras devem ser rompidas. A indústria brasileira deteriorou-se a ponto de voltarmos a um estágio semelhante ao encontrado na década de 1950, em termos de participação do setor no PIB. Atualmente, setores como o automotivo trabalham com uma capacidade ociosa vergonhosa. A situação de nossa indústria nacional hoje é pior que a de vários países europeus durante o auge da crise de 2010.
O momento é ideal para uma abertura comercial, já que os setores fragilizados pouco têm a perder, uma vez que já se encontram em situação falimentar e sem muitas condições de crescer por falta de capital ou esperança para investir. No setor de serviços, a baixa produtividade é crônica. Uma revolução educacional e tecnológica é necessária. Mas não temos nem professores, nem capital disponível para fazer este investimento localmente. Novamente, uma abertura é necessária. O crescimento do país, nos próximos anos, será puxado pelas grandes cidades e pelo setor primário, que é onde resta um pouco de vitalidade.
E no que diz respeito a revolução mais importante, que é na qualidade das instituições e dos nossos representantes, o cenário é ainda pior. Nada irá mudar, por certo. O nosso sistema ridículo de escolha de representantes para o parlamento continuará do modo como está atualmente. Ninguém mais nas esferas superiores lembra a sério da discussão sobre o voto distrital. E o sistema atual é o gerador deste mecanismo corruptor de financiamento de campanhas, que transformou o PT na maior organização criminosa do país, juntamente com os outros partidos da base aliada.
Ademais, como ficou demonstrado recentemente, não foi apenas o PT e seus aliados que praticaram este método nefasto de financiamento de campanhas, mas todos os outros partidos, uma vez que o método disseminou-se nas esferas estaduais e municipais. Assim, só uma mudança completa na sistemática eleitoral, barateando as campanhas drasticamente e mudando a representação parlamentar, irá alterar o modo como ocorrem estas coisas no país. Mas isto, infelizmente, é algo distante no cenário político.
Não vejo nenhuma força política relevante defendendo o voto distrital atualmente. Na verdade, o único tema que toma conta do país é a contagem dos votos contra e a favor do impeachment da Dilma, que varia em função da distribuição de cargos e ministérios. O decrépito governo Dilma tenta ainda polarizar o país, em vão, diga-se de passagem, porque atualmente os únicos que a defendem são os remanescentes de sua militância e seu exército comprado a base de mortadela, guaraná e dinheiro fácil. Mas sua militância já está em boa parte senil, e os estudantes de outrora, já estão num ponto da carreira profissional e acadêmica que os impede de acampar em gramados para defender o PT.
Essa radicalização, ademais, não serve a ninguém, e o PMDB, habilmente, se servirá dos mesmos aliados do PT para governar o país. Certamente mobilizará sua militância, que é ainda mais espalhada que a do PT para conter os ânimos mais exaltados, e saberá azeitar a máquina de oferendas estatais.
Mas novamente, ficaremos no estado que estamos. Só pela recuperação da crise, o país pode crescer, nos próximos três ou quatro anos, a um ritmo de 3 ou 4 % ao ano. Isso será mais que suficiente para reeleger o Temer em 2018, com quase toda certeza. No entanto, não mudará em nada o país. O Brasil continuará sendo o país do futuro, cujo futuro nunca chega. Enquanto nos preocupamos com o hoje, a amanhã nunca chegará. Vivermos presos nesta roda infernal.

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