ONDE CABEM MIL...

Por Fernando Raphael Ferro
         
    Após a manifestação de ontem, os jornais logo começam as estimativas para saber quantas pessoas compareceram aos protestos. Neste momento, as estimativas começam a divergir, porque nem todo mundo estima os número utilizando uma metodologia correta. O mais certo a ser fazer, neste caso, é realizar uma estimativa do espaço total coberto pela massa e então realizar um cálculo de densidade de área.
            No momento da concentração, na Praça Santos Andrade, o polígono ocupado pelos manifestantes era aproximadamente o da imagem a seguir. A densidade era de algo como 2 a 3 pessoas por metro quadrado. A área estimada, com base no Google Earth, é de 4.725m². Isso implica algo entre 9,5 mil e 14 mil pessoas. Meu palpita pessoal seria algo como 9 mil e 10 mil pessoas na concentração. 
        
No pico da manifestação em Curitiba, tivemos a extensão das pessoas aproximadamente entre a praça Zacarias e a Praça Santos Andrade, com uma predominância de pessoas do lado direito da rua, onde havia sombra. Esta manifestação estava bem menos movimentada que a anterior, mas ainda assim a densidade na rua estava alta. Estimo que houvesse algo como 1 pessoa por metro quadrado aproximadamente neste trecho, o que as fotografias permitem comprovar. Não havia grandes buracos também, exceto talvez o espaço embaixo da bandeira.
Neste momento, algumas poucas pessoas juntaram-se a manifestação, que ganhou corpo, mas como estávamos em movimento, a densidade diminuiu. Assim, estimo que havia cerca de 1 pessoa por m². Novamente a estimativa aponta para 10 mil pessoas, porque a área entre as duas praças é de aproximadamente 10 mil m². Este tipo de estimativa, obviamente, nunca é precisa. É uma estimativa apenas. Se considerarmos mais ou menos um metro a mais na largura, a quantidade pessoas pode saltar ou diminuir para 9 mil ou 11 mil pessoas. Parece muita gente, mas para uma estimativa visual, uma variação em cerca de 10% e vem razoável.
área do deslocamento

No final da manifestação, algo como 12 a 15 mil pessoas devem ter se reunido nas ruas de Curitiba pelo impeachment da Dilma. É muita gente insatisfeita para um domingo a tarde, de sol e calor, coisas raras na capital paranaense. Os caminhões de som presente, do Movimento Brasil Livre, e de outros movimentos periféricos, um deles com uma bandeira “apartidários”, tentavam motivar a massa com gritos de guerra.

Destes, o MBL é o mais ativo e organizado. Os apartidários mais atrapalharam que ajudaram. Clamaram por intervenção militar, convidaram as pessoas para uma tal Marchar contra o comunismo além de algumas outras bobagens ditas no som. Já o MBL foi coerente em seu discurso, mostrando um bom grau de maturidade. Ainda assim, na minha opinião, faltou gente nas ruas. Mais pessoas deveriam ter se mobilizado.
Mas mobilizações são assim mesmo, ainda mais quando voluntárias. A Marcha dos Sem Mortadela de 13 dezembro, ainda que menor que as anteriores, ainda foi muito maior que a da CUT, que não reuniu nem mil pessoas, considerando o mesmo critério. E  foi uma massa barulhenta, apesar de ordeira e, curiosamente, acéfala, já que ninguém estava ali guiado por algum partido, sindicado ou instituição oficial.


O MBL ainda fez o seu papel dizendo em alto e bom tom o nome dos deputados contra o impeachment, o que é foi uma excelente iniciativa. Se eles mantiverem esta postura, pagarão o preço na forma de desgaste popular. Lembraremos de todos eles.

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