EXISTE DIREITA NO BRASIL?
Por Fernando Raphael Ferro
Algumas
vezes, em discussões com amigos ou conhecidos, chegamos ao velho calcanhar de
Aquiles da política nacional: a falta de uma direita que represente nossa
indignação frente às trapalhadas sucessivas da esquerda. Nós, por outro lado,
nos sentidos também um tanto quanto desconectados: o que somos afinal?
Liberais? Conservadores? Religiosos? Apenas pessoas honestas e de bem?
Eu já me
defini politicamente, de modo breve, de modo que não vou gastar linhas
preciosas fazendo isso outra vez. Mas a pergunta que procuro responder é: há
direita no Brasil? Nossos compatriotas mais extremados dizem que a direita
morreu junto com o pensamento de direita. Que as Universidades estão tomadas
pela “canalha esquerdista” e assim sendo não há saída à vista. Os mais
extremistas acreditam que só uma revolução iniciada pelos militares poderia trazer
a ordem outra vezes. Outros nem na caserna acreditam mais.
O fato,
é que o pensamento esquerdista é predominante nas Universidades. Isso é fato.
Mas não é mais absoluto. Talvez nunca tenha sido. Nem hegemônico. Nas áreas de
humanas ainda é muito evidente que dissonar é até mesmo perigoso. Mas existem
corajosos. Luis Lopes Diniz Filho é um deles na Geografia. Leciona na UFPR. É
possível indicar outros. Temos bons intelectuais como Denis Rosenfield, Demétrio
Magnoli (em que pese seus péssimos livros didáticos), Ubiratan Jorge Iorio,
Alexandre Schwartzman, além de outros que muito enriquecem a cena com artigos
jornalísticos e livros, como Leandro Narloch, Luis Felipe Pondé, João Pereira Coutinho
(este é português), Diogo Mainardi, Roberto Pompeu Toledo, Reinaldo Azevedo e
tantos mais.
Além
desses, temos os outsiders, entre eles astrólogos, músicos (caso do Lobão),
lutadores de UFC, artistas, portais de humor, e os milhares de blogs. Dentre estes,
indico o do meu coautor e amigo, Anselmo Heidrich – Interceptor - suas páginas
de discussão no Facebook (Professor Conservador e Política e Caráter), além do
Tomatadas. Movimentos políticos também não faltam, dentre os quais destaca-se o
Movimento Brasil Livre, com a carismática figura de Kim Kataguri.
No que
diz respeito a partido, nossa impressão é que não há um partido de direita. Mas
Leandro Narloch, em seu livro Guia Politicamente Incorreto da História do
Mundo, fez uma pesquisa sobre o fascismo que mostrou um resultado interessante.
O partido com deputados que menos se identificaram com as ideias fascistas foi
o Democratas, com grande coerência ideológica entre seus deputados. O que
mostra que este partido não é apenas um saco de gatos fisiológicos como parece.
No
fundo, o que talvez tenhamos, é um problema crônico de auto identificação das
direitas brasileiras. Isso porque os marqueteiros profissionais passaram tempo
demais convencendo os políticos de que políticas sociais são bons argumentos de
voto. Mas a direita existe. Falta uma unificação. No fundo é que a direita se
enxergue a si mesma, nos diversos planos, e deixamos de lado nossas lutas
fratricidas para engolir o adversário comum. Somos mais inteligentes. Temos melhores
ideias. A tradição está ao nosso lado. Está faltando perspicácia para nos
unirmos e enfrentarmos a esquerda de frente, deixando as vaidades de lado.
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