UM COMENTÁRIO SOBRE RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA
Por Fernando
R. Ferro
Pesquisei rapidamente em meu blog se
havia uma resenha do livro o Homem e o Mundo natural, de Keith Thomas, que li
sob indicação de meu amigo Anselmo Heidrich há alguns anos atrás e nada
encontrei. Pena. Foi um dos livros que mais marcaram minha revisão sobre os
conceitos acerca do mundo moderno, juntamente com o livro de Norbert Elias
sobre o Processo Civilizatório. Os dois tratam, de modo diferente, sobre
mudanças de costumes e atitudes, dos homens no período do renascimento à idade
moderna.
A questão é que o texto anterior,
levado pela análise das fotos, me motivou a rever o livro de Keith Thomas, e
achei interessante trazer aos leitores um comentário a respeito do final do
livro no qual o autor destaca o seguinte:
“As crianças de
hoje que, alimentadas por uma dieta de carne e protegidas por uma medicina
desenvolvida através de experimentos com animais, levam, não obstante,
bichinhos de pelúcia para a cama e prodigam afeição a cordeiros e pôneis. Para
os adultos, os parques naturais e as áreas preservadas cumprem uma função que
não diferente da que os bichos de pelúcia têm para as crianças; são fantasias
que cultuam os valores mediante os quais a sociedade, como um todo, não tem
condições de viver.” (THOMAS, K., 2010, p.426).
Para os que não leram o livro,
deve-se lembrar que o autor destaca que nos anos 1500 a mentalidade dominante
na Europa, sobretudo na Inglaterra, era a de que a “Natureza” era algo a ser
vencido, isto é, subjugado, dominado. Esta foi a razão pela qual os lobos foram
praticamente eliminados da Grã-Bretanha, caçados até a extinção. Já em 1800,
com a natureza quase toda dominada pela técnica e com grande parte da população
vivendo nas cidades, a mentalidade dominante na sociedade era oposta: cabia a
preservação do natural, o retorno ao belo, ao singelo, ao singular. O
paisagismo inglês começa a se desenvolver no sentido de compor espaços que cada
vez trouxessem um aspecto natural espontâneo, diferenciando o estilo da
jardinagem continental, ainda dominada pelo aspecto geométrico, planejado,
urbano, matemático.
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Exemplo de Jardim Inglês. Uma relativa desorganização para reproduzir uma ambiente natural. |
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Jardim Francês: milimetricamente planejado, demonstra domínio sobre a natureza, controle, poder do homem sobre o selvagem. |
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Outro Exemplo de Jardim Francês |
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Mais um jardim Inglês; a natureza parece retomar o caminho. A cerca é um mero detalhe ao fundo. |
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Típico subúrbio. Casas espalhadas. |
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