Avatar - um bom filme bocó.
Primeiramente, gostaria de deixar claro aos leitores que este texto foge ao padrão do blog. É mais informal, com uma linguagem mais solta. Diria até experimental. Vou deixar registradas minhas impressões sobre um filme. Comecemos pela opinião geral. Eu achei a fotografia do filme Avatar muito bonita. Parecia um videogame. A floresta que brilha no escuro era uma atração à parte.
Há, contudo, duas falhas. Primeiro o roteiro. Dá pra sacar no início qual será o desfecho da história. Segundo, o fato dos Na'vi se encarregarem ensinar sobre sua cultura ao fuzileiro. Aquilo também me pareceu muito idiota: Quando aparece um o chefe diz: ensinem-lhe tudo sobre nossa cultura. Ué, não seria o contrário? Aprendam tudo sobre a cultura dele? Os métodos de guerra, armas, etc?
Achei interessante a tal conexão entre todos os seres, que não era mental, ou metafísica. Era física mesmo. Algo como um cabo USB dado pelo rabicho que todos tinham, que se conectava ao rabicho do outro como fibras óticas. Seres tão avançados sem a tecnologia wireless! E fiquei desapontado quando o avatar "copula" com a Na'vi: nenhuma conexão neural. Ao menos não havia um rabicho engatado no outro. Como elas tinham seios, mas não aparentavam genitálias, fica a pergunta: como? Achei que o lance da conexão via rabicho fosse levar a uma espécie de transcendência sexual, pessoas ligadas pela mente. Nada.
Por fim, na minha opinião, os Na'vi não eram primitivos, como muitos disseram em resenhas. Eram muito espiritualizados, mas uma espiritualidade baseada em fatos científicos, que os próprios cientístas terráqueos estavam especulando e formulando teorias a respeito. Era uma religião "racional", por assim dizer, fundada no conhecimento da biosfera daquele planeta. Irracional era a crença dos acionistas no (pseudo)pragmatismo monetário das suas atitudades, e na sua postura anticientífica. No fundo, os Na'vi não eram uma sociedade aborígene anscetral, como os ameríndios; eram uma sociedade realmente pós-moderna com uma existência "sustentável" perfeitamente integrada ao seu meio ambiente. Eles não dispensavam a medicida: prescindiam dela. E suas crenças se baseavam no conhecimento da natureza das coisas, não na irracionalidade religiosa ou pseudo-científica. A disputa entre a cientista, o empresário e o militar leva a esta possibilidade: eles não eram índios pelados vivendo na floresta, mas uma cultura que vivia integrada na floresta por conta de seu elevado conhecimento científico.
Sinceramente, às vezes penso que no futuro, talvez - quem sabe? -, possamos realmente abrir mão da nossa busca por mais conforto, tecnologia, querer mais, para ter uma vida mais pacata, cíclica, quem sabe até mais divertida, numa pós-civilização de caçadores coletores. Seria um retorno "científico" ao primitivismo. Este é um questionamento válido: a civilização vale mesmo a pena? Falando nisso, se eu fosse o soldado boboca, eu também trocaria o mundo humano pelas mulheres azuis com 2 metros de perna (lembram do Chico Bacon?), com possibilidade uma conexão (ainda que wired mesmo) neural tête-à-tête, ou melhor, rabicho a rabicho.
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