PARTIDO NOVO, VELHAS IDEIAS
Por
Fernando Raphael Ferro
Fácil saber o que eles querem: uma ditadura socialista |
Os
que me conhecem de perto sabem que não sou simpático a novos partidos no
Brasil. Mas sou especialmente antipático àqueles que não têm uma posição clara
no espectro ideológico. Eu consigo olhar para o PSTU, por exemplo, e saber exatamente
com que tipo de animal político estou tratando. O mesmo com o PT. É muito mais
difícil fazer o mesmo com o fisiológico PMDB, e ainda mais difícil com o PSD de
Gilberto Kassab, que certa feita definiu-se como nem direita, nem de esquerda.
Este tipo de gente soa-me apenas como oportunistas de plantão, sedutores,
demagogos do pior tipo.
Você sabe dizer o que isso significa? Pode ser uma esperança ou uma grande armadilha. Pra mim é só mais do mesmo. |
O
partido NOVO, que busca agora seu reconhecimento, enquadra-se numa categoria
difícil de definir. Questionados em suas reuniões, negam a si próprios a
alcunha de direitistas. Tampouco querem ser chamados de esquerdistas ou
centristas. Estão “na nuvem”. Defendem, supostamente, uma nova política. Oras,
parafraseando Aécio Neves num embate com Marina Silva, na última eleição, não existe nova
política, existe boa política e má política. O NOVO evita definir-se no
espectro político simplesmente para não comprometer sua “marca”, que é o modo
como pensam o partido.
Aliás,
no NOVO tudo é pensado em termos empresariais. E um partido, na minha convicção
democrática básica, deve ser, primordialmente, democrático, ao contrário de uma
empresa, cujo funcionamento nunca poderá ocorrer de forma democrática. Certamente é hoje um dos proto-partidos
mais centralizados do país, e o que busca maior homogeneidade entre seus
afiliados e simpatizantes.
Tudo
é permitido dentro do NOVO, exceto discutir política. O que esperar de um
partido sem posição em relação ao voto distrital? Ou em relação a temas como
aborto ou política externa? O NOVO possui algumas bandeiras, como por
exemplo, o fim da reeleição, que são apenas chamarizes definidos em pesquisas
de marketing para atrair a atenção da população para sua marca. Nenhuma
discussão séria, sedimentada sobre os porquês disso é feita entre os
correligionários.
Um
defensor pode alegar que tudo é incipiente. Outro, que estes temas serão
discutidos depois da fundação oficial do partido. Mas um partido nasce de
ideias comuns. E o NOVO surge de uma proposta de marketing. É o projeto
pessoal, mais um entre tantos. A diferença é que sua aposta foi feita por gente
de fora do métier, empresários. Por
isso a demora em conseguir as assinaturas. Kassab recrutou seus membros entre
os caciques insatisfeitos com os partidos em que estavam. Rapidamente juntou o
necessário.
Empresários
atrapalhados levaram mais tempo e consumiram muito mais recurso tentando fundar
uma marca. Mas não se enganem, amigos: são todos farinha do mesmo saco. Nem
direita, nem esquerda: muito pelo contrário. Só esperam o momento oportuno para
angariar seu voto, e uma vez lá, não terão clareza nenhuma do que fazer com ele.
Exceto desfrutar o poder. Em política, ser conservador quase sempre é uma virtude. Se um dia eu tiver que votar entre o novo desconhecido e o velho já testado, tenha certeza que minha aposta será conservadora.
links externos:
http://novo.org.br
Comentários