ERROS ESTRATÉGICOS E O ETERNO RETORNO
Por Fernando R. Ferro

Obviamente, a grande culpa por este caos é da
má administração de Gustavo Fruet que vem cometendo uma séria de erros
estratégicos na gestão do transporte coletivo desde que assumiu. Em meu blog,
são inúmeras as críticas ao modelo de gestão do transporte coletivo da cidade.
Mas uma coisa era fato: até 2011 os sistema, aos trancos e barrancos,
funcionava. Ao menos funcionava muito melhor que o de todas as cidades
brasileiras.
No início de sua gestão, no entanto,
impulsionado por uma pretensão de implantar uma imagem de que as gestões
anteriores eram corruptas e de que o preço da passagem era elevado por causa do
cartel dos ônibus, a gestão Gustavo Fruet e seus vereadores recém empossados
deram início a uma CPI para rever os contratos. E embalados pelos protestos de
2013, a prefeitura se apressou, antes mesmo que os protestos chegassem à
Capital, em reduzir o preço da tarifa de R$ 2,85 para R$ 2,70, quando o
correto, já naquela época, seria aumenta-la para R$ 3,00, segundo os cálculos
da tarifa técnica.
Pode-se argumentar um monte de coisas em
relação à tarifa técnica, mas o fato é que seu cálculo é o que rege os
contratos, e a menos que se rompam todos os contratos e indenizem na forma de
lei as partes, eles continuarão válidos. E ninguém conseguirá fazer isto em quatro
anos e continuar governando. Portanto, é suicídio político tentar. Fruet tentou
apostar nesta via e logo desistiu, mas com isso sacrificou os dois primeiros
anos de seu governo.
O grande desperdício de tempo é que agora, em
2015, durante a greve de ônibus, estaremos indo para o segundo aumento da
tarifa em menos de três meses: o prefeito anunciou que nesta sexta feira dia 30
a passagem passaria a R$ 3,00, sendo que em novembro ela subiu para R$ 2,85,
patamar do qual nunca deveria ter saído. O custo de não ter feito isso em 2012,
quando era a hora correta (hoje o preço deveria ser R$ 3,30 e não R$ 3,00), foi
ter colocado todas as contas da prefeitura numa situação gravíssima.
Por conta de sua gestão atrapalhada, dívidas
se acumulam, de modo que o atraso nos repasses para o maior hospital privado da
cidade, o Hospital Evangélico, o colocaram em situação falimentar, levando a
uma intervenção do Ministério do Trabalho que colocou em situação de completa
insegurança todos os estudantes da Faculdade Evangélica que é mantida pela
mesma instituição, além de ter deixado milhares de funcionários com os
pagamentos atrasados durante meses. Da mesma forma, vários foram os atrasos nos
pagamentos às prestadoras de serviço, em especial a empresa de coleta de lixo e
àquelas que fazem a manutenção de canteiros e poda de árvores.
Curitiba hoje é uma cidade em que a grama
cresce sem poda há vários meses nas calçadas e parques mantidos pela
prefeitura, e que as árvores bloqueiam a vista de placas e sinais de trânsito,
uma vergonha para nós moradores que sempre fomos orgulhosos na manutenção de
nossas vias. Da mesma forma, buracos aparecem nas vias e levam meses para serem
fechados, calçadas são destruídas e não reparadas, obras públicas começam e não
terminam por falta de verbas e lâmpadas de postes que levavam 24 horas para
serem trocadas hoje levam meses, deixando ruas no breu, apesar da taxa de
iluminação pública continuar sendo cobrada.
A falta de recursos públicos decorre em parte
da própria desorganização das finanças do governo federal, o que atrapalha os
repasses para os municípios. Mas os pesados subsídios dados hoje ao transporte
coletivo em Curitiba são uma das principais razões pelas quais a cidade não tem
recurso para sua própria manutenção. Os aumentos atuais no transporte coletivo
poderiam ter sido constantes e graduais, obedecendo a lógica, acompanhando a
alta dos preço de seus insumos; se os salários dos motoristas e cobradores
aumentam, se o preço do diesel aumenta, se o preço dos ônibus aumenta,
obviamente o preço da passagem deve subir. No entanto, por razões populistas,
estes custos foram ocultados da população e os preços represados. Para manter
uma passagem já cara com o preço congelado, sacrificaram os serviços de
manutenção, educação e saúde, além de abordarem os investimentos. Agora, o
preço terá que ser reajustado não para permitir que tudo volte ao normal, mas
apenas para impedir que tudo pare e que as coisas permaneçam no caos que estão.
Por estas e outras razões, a escolha mais mal
acertada de prefeito que a cidade de Curitiba já fez, depois da eleição de
Roberto Requião na década de 1980, foi Gustavo Fruet e sua vice do PT em 2011.
Espero que no ano que vem o curitibano pense um pouco mais e escolha um pouco
melhor o próximo prefeito.
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