O DESMONTE DA ECONOMIA SOB A ÉGIDE DO PT


Por Fernando R. F. de Lima.

        Após 12 anos de governos petistas, o que podemos constatar é um completo desmonte da economia de mercado no Brasil. Em que pese o gigantismo e força de nosso país no mundo, estamos em um franco processo de desorganização causado pela incompetência petista. Para ilustrar, podemos destacar o sucateamento do setor elétrico, que apesar de cobrar uma das tarifas de energia mais caras do planeta, num país em que predomina uma das formas mais baratas de geração de energia, a hidroeletricidade, encontra-se com sérias dificuldades para financiar a simples manutenção do sistema.
        Obviamente, estas dificuldades não decorrem da má gestão destas empresas, mas do fato de que foram ludibriadas pelo governo federal que prometeu antecipar repasses (que passavam dos R$ 16 bilhões segundo a conta dos geradores e distribuidores) para renovar as concessões antes do prazo e até agora não receberam sequer a notícia de quanto irão de fato receber. Uma manobra feita pelo governo para tentar por meios heterodoxos conter um surto inflacionário que o próprio governo gerou[i].
       O mesmo pode-se dizer da péssima gestão pela qual tem passado a Petrobrás. Investimentos insuficientes em áreas estratégicas, como e o caso da exploração de gás natural e do aumento da oferta deste insumo na matriz brasileira, que ocorreu devido ao desvio de atenções para duas metas completamente alheias ao interesse da empresa (e também de todos os 200 milhões de acionistas dela que atendem pelo nome de brasileiros). O primeiro destes motivos é o investimento massivo na exploração do pré-sal, que depende de uma tecnologia que ainda não existe. Poderia até ser louvável o objetivo, caso não tivesse sido conduzido como foi, com criação de cotas e mínimos de nacionalização de componentes que beneficiaram algumas poucas empresas e empresários sem capacidade técnica para fazer o prometido no prazo.
           Outro objetivo, completamente alheio às funções de uma empresa mista, é o controle da inflação pela via do preço dos combustíveis. Há anos a Petrobrás importa combustível mais caro do que vende no mercado interno. Mas o pior de tudo, é que o brasileiro ainda paga mais caro na gasolina que a maior parte da população mundial, por causa de uma carga tributária altíssima sobre os combustíveis.
            Obviamente, uma intervenção nos preços sempre gera consequências: o setor sucroalcooleiro, que gerava divisas de exportação para o país por volta de 2007, com a contenção dos preços da gasolina viu uma queda intensa na competitividade de seu principal produto energético, o etanol. Com isso, o setor passa por sérias dificuldades financeiras, que tem levado ao fechamento de usinas país afora[ii].
         Não bastasse isso, mudanças na legislação podem atrapalhar até mesmo a grandes empresas, tornando o Brasil um país filial de suas próprias empresas, nas palavras Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria[iii]. Isso graças a nova lei de remessa de lucros, que visa, uma vez mais, controlar a economia com mão-de-ferro.
            Alguns petistas de plantão poderão até argumentar que o emprego permanece em alta e que pleno emprego é uma boa razão para tolerar um pouco de inflação e baixo crescimento do PIB. Mas como eu mesmo já ilustrei neste blog há um mito sobre o pleno emprego, já que os dados oficiais apontam para 7,3% de desocupação segundo a PNAD contínua[iv], podendo chegar a 24,66% ou 19,7% dependendo da métrica que desejemos empregar.
          A situação pela qual passamos é de uma profunda desorganização da economia de mercado no Brasil, que ameaça a maior conquista social que tivemos, o fim dos ciclos inflacionários. Como deve ser de conhecimento de todos, a inflação recai sempre sobre o colo dos mais pobres, cujo poder de compra se deteriora mais intensamente que o dos mais ricos. A queda da desigualdade, o acesso ao mercado imobiliário e aos bens de consumo duráveis não são fruto de políticas de transferência de renda: são o resultado do fim da inflação, que permite previsibilidade aos agentes econômicos, permitindo planejar os gastos ao longo do tempo.
           Espero que os eleitores pobres, mas também os financiadores de campanha ricos, estejam atentos para este fato na próxima eleição. Não são os negócios de curto prazo que estão ameaçados pela incompetência petista, mas o futuro da população do Brasil.



[i] Na Folha de S. Paulo pode-se ver o desespero do governo para tentar conter a desorganização do setor: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/159354-governo-vai-fixar-reajuste-piso-de-energia-para-2015.shtml e aqui http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/159376-buracos-negros-do-setor-eletrico.shtml. Acesso em 02/04/2014.
 [ii] No Estadão: Setor sucroalcooleiro atravessa pior crise desde o fim dos anos 90. In: http://www.estadao.com.br/noticias/economia,setor-sucroalcooleiro-atravessa-pior-crise-desde-fim-dos-anos-90,428465,0.htm acesso em 02/04/2014.
Outra matéria destacando a situação do setor: http://ruralcampo.com.br/?p=2486 acesso em 02/04/2014.
 [iii]Folha de S Paulo: Multis Brasileiras ameaçam transferir sede para o exterior. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/159358-multis-brasileiras-ameacam-transferir-sede-para-o-exterior.shtml

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