A causa dos estudantes é justa. Apoiem a greve!

A causa dos estudantes é justa. Apoiem a greve!
Obviamente, meu apoio reside em apenas uma pauta dos grevistas: a ameaça a autonomia universitária. A Universidade de São Paulo e as outras que compõem o sistema estadual de São Paulo não possuem, de fato, autonomia. São universidades sem a mais importante de todas as independências, a financeira, porque ficam com quase 10% do ICMS do Estado, custando anualmente mais de 3 bilhões de reais para a população de São Paulo. Além disso, juridicamente as universidades deveriam ser autarquias. Algo autárquico é independente das decisões do Estado, ou melhor do governo.
Sendo assim, eu apoio os grevistas: eles querem autonomia, que seja dada a autonomia financeira da USP, UNICAMP, e outras, para que por conta própria passem a buscar seu orçamento, garantindo do próprio caixa o pagamento dos professores, funcionários, bolsistas, além de toda a manutenção predial que o sistema estadual de universidades exige. Que se faça valer a autarquia, a independência. Desse modo, creio que o governador e o povo de São Paulo não se importarão se os dados da movimentação financeira das universidades vão ficar ou não no sistema estadual de prestação de contas on line. Se elas conseguirem manter-se sem impostos, também concordo que a secretaria específica criada para elas é desnecessária. Mas que seja começada a autonomia universitária pelo princípio maior: o da autonomia financeira.
Há pessoas que dizem que os estudantes das universidades públicas não poderiam pagar por seus cursos. Isso é verdade em grande parte. Tive vários colegas que possuíam carros zero quilômetro, que custa muito dinheiro para manter. Também moravam em apartamentos bem localizados, e tinham que viajar todo final de semana para visitar amigos e parentes no interior. Tudo isso custa muito dinheiro, e certamente eles não teriam como pagar um curso superior mantendo esse padrão de vida. Teriam que vender seus carros, motos, apartamentos, morar num bairro mais distante e viajar menos. Talvez assim pudessem manter o curso superior pago.
Mas aposto que muita gente boa não se importaria em pagar para estudar em universidades conceituadas como a USP e a UNICAMP. Talvez não em qualquer curso, e certamente alguns acabariam sendo fechados. Mas creio que também não fariam muita falta. A universidade pode sobreviver de várias formas: consultorias, patentes, prestação de serviços, mensalidades e até mesmo atividades menos nobres, como a cobrança de estacionamento. As faculdades privadas de grande porte sofrem apenas com um problema: a inadimplência. Mas mesmo esse problema poderia ser resolvido com uma solução não muito drástica, a permissão da cobrança antecipada do curso.
Explico. Quando você quer comprar um carro, você compra aquele carro financiado. A fábrica e a revenda recebem o dinheiro e a financeira fica com o risco. As faculdades deveriam oferecer financiamentos de curso superior. Desse modo, o aluno pagaria as mensalidades normalmente, mas a faculdade receberia o pagamento integral pelo produto. A financeira ficariam com o risco, e o aluno impedido de comprar a crédito caso fosse um mal pagador, já que as financeiras mantém um cadastro dos bons e maus pagadores.
Os estudantes tem razão em exigir a autonomia das universidades. Certamente eles não compreendem muito bem o que significa essa palavra, mas eu aposto que um sistema no qual o salário dos professores dependesse de seu próprio empenho geraria um sistema muito mais confiável e compromissado com a qualidade que o atual ensino público brasileiro, cujo maior compromisso hoje é com as regalias e benefícios em causa própria, tanto dos servidores, quanto dos alunos e professores.

Fernando Raphael Ferro de Lima.


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