Por que o Paraná deveria ser meu país

Por Fernando Raphael Ferro
Uma coisa sempre a considerar é o seguinte: qual o percentual dos impostos arrecadados permanece nos estados como receita tributária? Para ter uma ideia, no Paraná, dos R$ 280 bilhões arrecadados anualmente, R$ 50 bilhões compõem a receita estadual e outros R$ 48 bilhões vão para os municípios. São R$ 98 bilhões. A União, justiça seja feita, paga benefícios do bolsa família, salários de servidores federais, manutenção de rodovias federais e também aposentadorias do INSS. Mas será que isso tudo ultrapassa R$ 180 bilhões? Duvido muito.
O orçamento do DNIT para o Paraná é inferior a R$ 200 milhões por ano. Se utilizarmos o mesmo percentual da população brasileira (1,6%)[1], dá pra estimar em 170 mil o número de funcionários públicos federais. A um salário médio de 10 mil por mês, isso daria aproximadamente R$ 23,46 bilhões em salários por ano. Eram 408 mil o número de beneficiários do Bolsa Família no Paraná no final de 2014[2]. Que sejam 450 mil hoje. A um custo de 60 reais per capita, temos um dispêndio anual de R$ 324 milhões por ano.
Faltam ainda as aposentadorias. Vou fazer uma conta bem grosseira: são 31 milhões de beneficiários no país todo. O Paraná possui aproximadamente 5% da população do Brasil. Guardando a mesma relação, isso significaria 1,55 milhões de beneficiários. O valor médio[3] do benefício pago era, em janeiro de 2015, R$ 1.022,46. Vou acrescentar 10% por conta da inflação do ano passado. Isso resulta em R$ 1.124,70. Agora multiplicamos por 1,55 milhões e depois por 13 (número de meses, sem referência ao PT) e temos o valor de R$ 22.662.825.900,00. Somando tudo, temos:
Despesa
Valor (R$)
Funcionários Públicos Federais
   23.460.000.000,00
Beneficiários do INSS
   22.662.825.900,00
Beneficiários do Bolsa Família
         324.000.000,00
Orçamento do DNIT
         200.000.000,00
Total
   46.646.825.900,00
Diante disso, a transferência anual aos cofres da união, no caso do Paraná, seria o equivalente a R$ 133,35 bilhões, o equivalente a 136% do total tributário que fica no Estado. Isso significa que, sem a União, mantendo a mesma carga tributária, os recursos disponíveis do tesouro mais que dobrariam. Ou então permitiriam uma queda de 41% na carga tributária, o permitiria que ela chegasse a aproximadamente 22% do PIB sem nenhuma mudança na oferta de serviços atualmente disponíveis.
Diante disso tudo parece-me muito tentadora a proposta de sair da federação brasileira. Hoje o déficit anual do Estado do Paraná é muito menor que o total transferido para a união. Nossas transferências não servem para sustentar a os Estados do nordeste, como muitos dizem. Servem basicamente para manter a burocracia podre de Brasília, com suas dívidas e hábitos perdulários. Sinceramente, Anselmo, temos muito a ganhar saindo da “Federação Brasileira”.

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