A ELEIÇÃO DE DILMA
Por Fernando R. F. de Lima
Apesar de realmente ter havido uma possibilidade concreta de o presidente de maior popularidade em fim de mandato da história democrática do Brasil não ter feito seu sucessor, no final as previsões de que a Dilma ganharia se concretizaram. O PT, e o Lula em particular, trabalharam em peso para eleger o sucessor e garantir que 25 mil petistas não ficariam desempregados no dia 1º de janeiro de 2011.
Agora, diante de nós, restam os mesmos desafios que havia antes da eleição, a serem enfrentados pelo menos preparado dos dois candidatos. Muitos estão atribuindo a eleição do PT ao atraso do Nordeste, à sua população analfabeta ou pobre, mas o fato é que a vitória de Serra foi apertada em praticamente todos os Estados com exceção de Roraima, onde o povo, ao contrário do Amazonas, odeia o PT. E a vitória de Dilma, do ponto de vista político, não é nenhum fenômeno, uma vez que dificilmente um presidente bem aprovado deixa de fazer o sucessor.
Os desafios para o governo Dilma no Brasil são vários e dificilmente ela fará um governo que agrade a todos, desde os coronéis do PMDB até os banqueiros que apoiaram sua candidatura e o povo que lhe deu seu voto. Isto porque o Brasil está caminhando para uma encruzilhada sob alguns aspectos. Vivemos uma ameaça concreta de perda de competitividade na indústria, nos vários setores industriais, mas por enquanto pudemos compensar essa perda externa com a venda de commodities valorizadas.
Esta perda de competitividade tem um vilão bem fácil de apontar, que é o câmbio, mas caso tivéssemos custos trabalhistas menores e uma carga tributária pequena e pouco distorcida, seria mais fácil enfrentar a valorização cambial. Não temos. E não teremos, porque dificilmente alguém irá mexer neste balaio que a estrutura tributária brasileira. A única alternativa que a Dilma vê para compensar a deterioração das contas é o retorno à CPMF, um imposto antigo, ineficiente e redutor da competitividade, mas que ajudaria a ajustar as contas do governo temporariamente.
Apenas temporariamente, porque a origem do problema, o crescimento das despesas fixas, não será combatida. E não adianta o governo dizer que não irá mexer no orçamento para não afetar o “social”, porque o grande rombo nas contas ocorre na previdência pública (velhinhos ricos) e na folha de pagamentos. Porque a grande política de transferência de renda do governo federal não é o programa “Bolsa Família”, mas os salários que hoje passam dos R$ 100 mil por ano pagos aos funcionários dos três poderes.
Dilma ainda terá que governar nestes quatro anos com um cronograma apertadíssimo para realizar as obras da copa do mundo e encaminhar as obras das Olimpíadas. Para fazer isto, além de muito dinheiro, o governo vai ter que lidar com a rapinagem, que poderá até mesmo ameaçar o cronograma das obras, uma vez que o TCU ainda é independente. O aumento dos gastos do governo irá pressionar a inflação, e mais importações terão que ser feitas. Mas o Brasil, apesar de poder se tornar um grande exportador de petróleo, ainda não conta com o ouro negro para compensar o déficit na balança comercial.
Veremos também se Dilma será tão sortuda quanto Lula; uma recuperação das grandes economias ajudaria muito neste sentido. Por aí o preço das nossas commodities continuariam aumentando, e ajudariam a pagar as importações que hoje são fundamentais para evitar a inflação. Além disso, tem o problema da taxa de juros, que num horizonte de contínuo aumento do déficit e ainda pressão inflacionária de demanda, dificilmente cairá abaixo do nível que estão hoje e, possivelmente, subirá ainda mais. Devemos lembrar que o aumento do consumo que sustentou a popularidade do Lula foi possível graças a uma oferta de crédito que se expandiu num ritmo duas vezes maior que o salário real.
Pensando em todos os problemas que deverão ser enfrentados nestes quatro anos, que passarão mais rápido do que imaginamos, acho que para o PSDB foi uma boa coisa a derrota do Serra. Ele pegaria um país muito bagunçado para arrumar em pouco tempo. Dilma (e mesmo que fosse o Lula), na minha opinião, não conseguirá dar conta de tamanho desafio e sairá do planalto em 2014 deixando para trás um grande leva de descontentes. Porque se ela fizer o que precisa ser feito, o resultado será uma grande leva de descontentes. Mas se ela não fizer, o resultado será o caos, e aí os descontentes serão ainda mais numerosos.
Apesar de realmente ter havido uma possibilidade concreta de o presidente de maior popularidade em fim de mandato da história democrática do Brasil não ter feito seu sucessor, no final as previsões de que a Dilma ganharia se concretizaram. O PT, e o Lula em particular, trabalharam em peso para eleger o sucessor e garantir que 25 mil petistas não ficariam desempregados no dia 1º de janeiro de 2011.
Agora, diante de nós, restam os mesmos desafios que havia antes da eleição, a serem enfrentados pelo menos preparado dos dois candidatos. Muitos estão atribuindo a eleição do PT ao atraso do Nordeste, à sua população analfabeta ou pobre, mas o fato é que a vitória de Serra foi apertada em praticamente todos os Estados com exceção de Roraima, onde o povo, ao contrário do Amazonas, odeia o PT. E a vitória de Dilma, do ponto de vista político, não é nenhum fenômeno, uma vez que dificilmente um presidente bem aprovado deixa de fazer o sucessor.
Os desafios para o governo Dilma no Brasil são vários e dificilmente ela fará um governo que agrade a todos, desde os coronéis do PMDB até os banqueiros que apoiaram sua candidatura e o povo que lhe deu seu voto. Isto porque o Brasil está caminhando para uma encruzilhada sob alguns aspectos. Vivemos uma ameaça concreta de perda de competitividade na indústria, nos vários setores industriais, mas por enquanto pudemos compensar essa perda externa com a venda de commodities valorizadas.
Esta perda de competitividade tem um vilão bem fácil de apontar, que é o câmbio, mas caso tivéssemos custos trabalhistas menores e uma carga tributária pequena e pouco distorcida, seria mais fácil enfrentar a valorização cambial. Não temos. E não teremos, porque dificilmente alguém irá mexer neste balaio que a estrutura tributária brasileira. A única alternativa que a Dilma vê para compensar a deterioração das contas é o retorno à CPMF, um imposto antigo, ineficiente e redutor da competitividade, mas que ajudaria a ajustar as contas do governo temporariamente.
Apenas temporariamente, porque a origem do problema, o crescimento das despesas fixas, não será combatida. E não adianta o governo dizer que não irá mexer no orçamento para não afetar o “social”, porque o grande rombo nas contas ocorre na previdência pública (velhinhos ricos) e na folha de pagamentos. Porque a grande política de transferência de renda do governo federal não é o programa “Bolsa Família”, mas os salários que hoje passam dos R$ 100 mil por ano pagos aos funcionários dos três poderes.
Dilma ainda terá que governar nestes quatro anos com um cronograma apertadíssimo para realizar as obras da copa do mundo e encaminhar as obras das Olimpíadas. Para fazer isto, além de muito dinheiro, o governo vai ter que lidar com a rapinagem, que poderá até mesmo ameaçar o cronograma das obras, uma vez que o TCU ainda é independente. O aumento dos gastos do governo irá pressionar a inflação, e mais importações terão que ser feitas. Mas o Brasil, apesar de poder se tornar um grande exportador de petróleo, ainda não conta com o ouro negro para compensar o déficit na balança comercial.
Veremos também se Dilma será tão sortuda quanto Lula; uma recuperação das grandes economias ajudaria muito neste sentido. Por aí o preço das nossas commodities continuariam aumentando, e ajudariam a pagar as importações que hoje são fundamentais para evitar a inflação. Além disso, tem o problema da taxa de juros, que num horizonte de contínuo aumento do déficit e ainda pressão inflacionária de demanda, dificilmente cairá abaixo do nível que estão hoje e, possivelmente, subirá ainda mais. Devemos lembrar que o aumento do consumo que sustentou a popularidade do Lula foi possível graças a uma oferta de crédito que se expandiu num ritmo duas vezes maior que o salário real.
Pensando em todos os problemas que deverão ser enfrentados nestes quatro anos, que passarão mais rápido do que imaginamos, acho que para o PSDB foi uma boa coisa a derrota do Serra. Ele pegaria um país muito bagunçado para arrumar em pouco tempo. Dilma (e mesmo que fosse o Lula), na minha opinião, não conseguirá dar conta de tamanho desafio e sairá do planalto em 2014 deixando para trás um grande leva de descontentes. Porque se ela fizer o que precisa ser feito, o resultado será uma grande leva de descontentes. Mas se ela não fizer, o resultado será o caos, e aí os descontentes serão ainda mais numerosos.
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