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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Resposta ao sr. João Bertotti

O reporter que assinou a matéria que postei ontem em meu blog deixou-me o seguinte comentário: "Caro editor O senhor deveria colocar o outro texto que saiu junto com a matéria sobre a especulação imobiliária (ESPERANÇA NO PAROLIN). Por favor, ofereça ao seu leitor toda a informação. Além disso, mais importante do que foi escrito é a repercussão da notícia, afinal: a liberdade de expressão permite vários olhares sobre um mesmo tema. Obrigado, João Natal Bertotti" Tenho duas respostas para ele: a primeira, os leitores do meu blog são, em geral, pessoas muito melhor informadas que os leitores da Gazeta do Povo, e são capazes de ler a reportagem Esperança no Parolim por conta própria. Segundo, meu entendimento foi de que ambas as matérias, apesar de parte do mesmo conjunto, podem ser lidas de modo separado sem prejuízo do conteúdo. O que eu critíco no meu texto não é o texto da reportagem, mas o discurso vazio dos entrevistados para compor o perfil técnico da entrevista. As duas

Especulação Imobiliária tem de ser combatida

Abaixo vai a notícia. Meus comentários estão entre parênteses e em vermelho. Especulação tem de ser combatida Valorização dos imóveis pode deixar moradores tentados a vender as casas novas e voltar para áreas de invasão João Natal Bertotti Com a urbanização e consequente valorização dos imóveis, a favela do Parolin pode virar alvo de especulação imobiliária, que resultará na venda das novas casas entregues para as famílias reassentadas. O alerta é da arquiteta Madianita Nunes da Silva, professora e pesquisadora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo a pesquisadora, a administração pública deve criar mecanismos para inibir a venda ou a locação de imóveis oriundos de regularização fundiária. Sem isso, o beneficiado é tentado a se mudar para locais mais distantes, buscando uma nova área irregular para viver. "É claro que a regularização representa cidadania e a população precisa estar próxima da metrópole. Mas é preciso ter medi

Comentando as críticas de Rodrigo Choinski sobre o texto “Existirá de fato a idéia de especulação imobiliária?”

Recebi um comentário sobre o texto acima mencionado de Rodrigo Choinski, que discorda do modo como construía a argumentação de meu texto. Vou colocar as objeções dele e comentá-las na sequência: "O primeiro é sair a partir da idéia da 'especulação imobiliária' mas analisar sob um ponto de vista individual: o especulador." Acredito que a idéia de especulação imobiliária não existe sem o sujeito que a faz, o especulador. Portando, não faz sentido discutir especulação imobiliária sem tratar do modo como especulador age numa cidade. Ele continua dizendo: "O segundo é buscar numa definição de dicionário (e na sua negação) algo que caracterize todas as complexidades da especulação imobiliária realmente existente (não o que as pessoas acham dela, ou o que o dicionário define)."             O dicionário faz traz a definição de especulação/especulador consagrada pelo uso do língua, inclusive pelo uso técnico. O que eu procuro mostrar é que as definições que

O CASO DA EXPANSÃO URBANA DE CURITIBA – TESTE EMPÍRICO - PARTE 3

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Estive falando nos dois textos anteriores a partir de um ponto de vista teórico. Afinal de contas, as forças que coloquei como atuantes no mercado imobiliário são genéricas, aplicáveis a qualquer cidade e em qualquer contexto histórico onde exista relação comercial de propriedade do solo. Agora, neste texto, faço um apontamento empírico sobre o desenvolvimento dos preços do solo urbano em Curitiba. Curitiba possuía uma população de 140 mil pessoas em 1940, e chegou a 356 mil em 1960. Em 2007 a estimativa era de 1,8 milhões de pessoas. Como se vê, em pouco mais de 60 anos a população da cidade foi multiplicada por mais de 10 vezes, um crescimento urbano rápido até mesmo para os padrões brasileiros. Por volta de 1980 a área urbana da cidade estava praticamente coincidindo com a área total do município, e desde de 1991 Curitiba não possui mais, oficialmente, população rural. Ainda há, contudo, áreas onde estão sendo realizados novos loteamentos, e a densidade demográfica ainda é baixa, po

COMENTANDO IMPRESSÕES SOBRE A LINHA VERDE DE CURITIBA

COMENTANDO IMPRESSÕES SOBRE A LINHA VERDE DE CURITIBA        No dia 19/12/2008, por coincidência data de meu aniversário, o prefeito de Curitiba do PSDB, Beto Richa, entregou a primeira etapa da obra mais aguarda dos últimos anos, a linha verde. Ontem, dia 7 de janeiro, resolvi me aventurar pelo sul da cidade para ver como era trafegar pela linha verde. Primeiramente, é importante destacar que por conta das férias o trânsito está muito bom em Curitiba nestes primeiros dias do ano. Então, trafegar pela Linha Verde foi um passeio, já que haviam poucos carros na rua. Algumas coisas, contudo, devem ser destacas: os sinaleiros não estão sincronizados, o que me parece uma falha muito grave. Mantendo uma velocidade constante, no caso 60km/h, dez a menos que o limite, peguei praticamente todos os sinais fechados. O meu temor inicial de que não iria ser feita uma ciclovia decente se concretizou. O que se tem é uma pista de 1,8m de asfalto, cheia de curvas para contornar os jardins que est

OS EFEITOS DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA NO SOLO URBANO – Parte 2

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O texto anterior sobre os especuladores gerou uma questão relacionada a idéia de lucro extraordinário. Afinal, no setor imobiliário são possíveis ou não lucros extraordinários? A questão depende do que se define como lucro extraordinário. Se pensarmos num retorno de 100% num intervalo de 1 ano, podemos considerar que algumas aplicações no mercado imobiliário podem ser consideradas como extraordinárias. Mas isto depende da natureza do negócio que se trata e se usa como comparação e das características dos outros setores. Ao vender balas ou bebidas, ou ainda comida, normalmente os lucros são superiores a 100%, por causa da característica do produto, que em geral é muito barato e é vendido em quantidades pequenas pelo comerciante final. Como não há uma definição do que é um lucro extraordinário, só se pode dizer isto em relação ao que são os lucros ordinários do setor imobiliário. Dificilmente seria possível obter lucros em operações imobiliárias muito acima daqueles praticados pelo merca

EXISTIRÁ DE FATO A IDÉIA DE ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA? – Parte 1

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EXISTIRÁ DE FATO A IDÉIA DE ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA? – Parte 1 Quando se fala do desenvolvimento urbano, há alguns personagens que sempre são mencionados, muitos deles considerados como verdadeiros vilões das mazelas urbanas. O chamado especulador, sobretudo o especulador imobiliário é tomado como o grande vilão das cidades no mundo todo, e a especulação imobiliária é tida como o grande mal a ser combatido nos centros urbanos. É pensando nos especuladores de imóveis que os agentes municipais criam leis como as de IPTU progressivo, ou as contribuições de melhorias. É também pensando nos especuladores que se aumentam os impostos e criam-se leis de verticalização que impulsionam a construção de edifícios com determinadas características. Sendo um ator ao qual se dá tanta importância, creio ser necessário caracterizar o especulador imobiliário e suas atividades para que se possa justificar leis que combatam sua ação. De um modo geral, seguindo uma definição dicionarizada, podemos dizer que